Por Ana Portugal
PARTE 1
As caraterísticas e os padrões de comportamento típicos dos Aspies e Autistas e Portadores de necessidades Especiais são fatores que podem torná-los especialmente vulneráveis nos casos de violência sexual. Para Itamar Gonçalves, coordenador de Programas da Childhood-Brasil, organização que trabalha no enfrentamento à violência sexual, crianças e adolescentes
com deficiência estão mais expostos ao problema porque, muitas vezes, os adultos não acreditam no que elas contam. “A violência sexual normalmente já é marcada pelo silêncio e medo. A deficiência potencializa isso. Há casos, em que a situação só vem à tona quando há uma gravidez”.
A ausência de programas e ações voltadas para a prevenção é outro obstáculo no enfrentamento dos crimes sexuais. Daniele Bastos, assistente de projetos da ONG Escola de Gente, que atua na inclusão de pessoa com deficiência por meio da comunicação, aponta que a recorrência de casos de abuso sexual fez com que se tentasse articular um projeto específico para a área, mas a ausência de dados que relacionassem a violência sexual e deficiência dificultou o trabalho. “Este é um assunto a ser pensado urgentemente, começando por se reunir informações”
TRAUMAS
Tais entraves fazem reproduzir pelo Brasil casos como o de um estudante de 23 anos, que devido a ansiedade necessita de ansiolíticos sempre que relata os episódios de abuso sexual que sofreu desde criança. Diagnosticado com deficiência intelectual e com dificuldade de locomoção, João não conseguia denunciar as violências cometidas pelo padrasto. O Caso só foi descoberto aos 16, quando houve um flagrante em seu quarto.
A situação desse rapaz não é diferente de muitos outros casos. Porém, sua deficiência motora, o impossibilitava de correr do agressor, também enfrentava dificuldades em verbalizar o abuso para a família. Mesmo com a prisão do padrasto, só agora João será ouvido no processo que apura as responsabilidades. “Todas as testemunhas já foram ouvidas, mas a Justiça o considerava incapaz de relatar o fato”, afirma a advogada do rapaz.
Para Itamar Gonçalves, o caminho para enfrentar esses casos de violência sexual está na atenção integral em áreas como saúde, educação e assistência. “Ás vezes, a criança revela o abuso na escola, no posto de saúde; e o profissional que a atende necessita estar preparado para identificar o problema e encaminhá-la à rede de assistência”.
Violência Silenciosa
A violência sexual contra crianças e adolescentes com deficiência é tão comum quanto silenciosa. Atualmente, no Brasil, não existem dados sobre o fenômeno. O Disque Denúncia Nacional, o Disque 100, que é um dos mais completos registros sobre a questão da violência sexual, recolhe as informações sobre a condição da vítima, inclusive se apresenta alguma deficiência, mas não incluiu esse tipo de dado em seus relatórios.
Para Eliana Oliveira Victor, vice-presidente da Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape), a violência sexual faz parte de um cenário maior de exclusão da pessoa com deficiência, em que falta educação formal, políticas de inclusão profissional e mesmo afirmação na sociedade. “As carências são muitas e a sociedade ainda precisa entender que a pessoa com deficiência é como todos nós e tem as mesmas necessidades, incluindo o direito a uma sexualidade sadia”. Mas a violência é agravada pelas dificuldades de entendimento, verbalização e até reação física contra abusadores.
Apostando nisso, a Avape tem implementado grupos de sexualidade com jovens de idade cronológica entre 18 e 30 anos, com deficiência intelectual leve. Os grupos estão hoje em oito unidades no estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. Acompanhados por uma psicóloga, os jovens se reúnem uma vez por semana para tratar de assuntos como gravidez e DSTs. Alguns dos integrantes relataram já terem sofrido violência durante a infância ou a adolescência. “Muitas vezes eles demoram a identificar, mas quando trabalham aspectos da sexualidade percebem que sofreram violência sexual”.
O trabalho também envolve os familiares, que “aprendem” que seus filhos e filhas têm deficiências, mas não são assexuados. “As famílias têm dificuldade de entender a fase da adolescência”, explica Eliana. A escola é um espaço muito importante para falar sobre os direitos sexuais e prevenir os crimes sexuais.
O tema é polêmico e delicado, além de envolver preconceitos. O desejo e as descobertas da sexualidade são sinais de saúde, mas quando o adolescente com deficiência é quem começa a conhecer pessoas e a querer namorar e buscar uma vida sexual ativa, a família muitas vezes se sente perdendo o controle sobre suas atividades. Com a intenção de proteger os filhos, pais e mães acabam tratando jovens como eternas crianças, negando a eles o seu direito à sexualidade.
Violência Sexual contra Autistas
Se detectar o abuso sexual em crianças e deficientes é difícil, se eles têm autismo se torna ainda mais complicado. O pedófilo costuma ver a criança como um "objeto", que irá utilizar para a gratificação sexual. Os comportamentos de crianças com autismo pode aumentar essa percepção da criança "objeto" e torná-los mais atraentes para os abusadores. Os problemas de comunicação proporcionam uma certa segurança de impunidade, "quem não fala, não conta". Por sua vez, o próprio comportamentos pode mascarar os sinais de abuso.
Há vários tipos de sinais a serem detectados, dependendo do perfil da criança: O perfil difere muito entre Aspies e entre Autistas quanto aos fatores de funcionalidade, sociabilidade e comunicação Em cada caso, os sinais podem variar substancialmente, mascarando as opções de rastreio.
A ausência de programas e ações voltadas para a prevenção é outro obstáculo no enfrentamento dos crimes sexuais. Daniele Bastos, assistente de projetos da ONG Escola de Gente, que atua na inclusão de pessoa com deficiência por meio da comunicação, aponta que a recorrência de casos de abuso sexual fez com que se tentasse articular um projeto específico para a área, mas a ausência de dados que relacionassem a violência sexual e deficiência dificultou o trabalho. “Este é um assunto a ser pensado urgentemente, começando por se reunir informações”
TRAUMAS
Tais entraves fazem reproduzir pelo Brasil casos como o de um estudante de 23 anos, que devido a ansiedade necessita de ansiolíticos sempre que relata os episódios de abuso sexual que sofreu desde criança. Diagnosticado com deficiência intelectual e com dificuldade de locomoção, João não conseguia denunciar as violências cometidas pelo padrasto. O Caso só foi descoberto aos 16, quando houve um flagrante em seu quarto.
A situação desse rapaz não é diferente de muitos outros casos. Porém, sua deficiência motora, o impossibilitava de correr do agressor, também enfrentava dificuldades em verbalizar o abuso para a família. Mesmo com a prisão do padrasto, só agora João será ouvido no processo que apura as responsabilidades. “Todas as testemunhas já foram ouvidas, mas a Justiça o considerava incapaz de relatar o fato”, afirma a advogada do rapaz.
Para Itamar Gonçalves, o caminho para enfrentar esses casos de violência sexual está na atenção integral em áreas como saúde, educação e assistência. “Ás vezes, a criança revela o abuso na escola, no posto de saúde; e o profissional que a atende necessita estar preparado para identificar o problema e encaminhá-la à rede de assistência”.
Violência Silenciosa
A violência sexual contra crianças e adolescentes com deficiência é tão comum quanto silenciosa. Atualmente, no Brasil, não existem dados sobre o fenômeno. O Disque Denúncia Nacional, o Disque 100, que é um dos mais completos registros sobre a questão da violência sexual, recolhe as informações sobre a condição da vítima, inclusive se apresenta alguma deficiência, mas não incluiu esse tipo de dado em seus relatórios.
Para Eliana Oliveira Victor, vice-presidente da Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape), a violência sexual faz parte de um cenário maior de exclusão da pessoa com deficiência, em que falta educação formal, políticas de inclusão profissional e mesmo afirmação na sociedade. “As carências são muitas e a sociedade ainda precisa entender que a pessoa com deficiência é como todos nós e tem as mesmas necessidades, incluindo o direito a uma sexualidade sadia”. Mas a violência é agravada pelas dificuldades de entendimento, verbalização e até reação física contra abusadores.
Apostando nisso, a Avape tem implementado grupos de sexualidade com jovens de idade cronológica entre 18 e 30 anos, com deficiência intelectual leve. Os grupos estão hoje em oito unidades no estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. Acompanhados por uma psicóloga, os jovens se reúnem uma vez por semana para tratar de assuntos como gravidez e DSTs. Alguns dos integrantes relataram já terem sofrido violência durante a infância ou a adolescência. “Muitas vezes eles demoram a identificar, mas quando trabalham aspectos da sexualidade percebem que sofreram violência sexual”.
O trabalho também envolve os familiares, que “aprendem” que seus filhos e filhas têm deficiências, mas não são assexuados. “As famílias têm dificuldade de entender a fase da adolescência”, explica Eliana. A escola é um espaço muito importante para falar sobre os direitos sexuais e prevenir os crimes sexuais.
O tema é polêmico e delicado, além de envolver preconceitos. O desejo e as descobertas da sexualidade são sinais de saúde, mas quando o adolescente com deficiência é quem começa a conhecer pessoas e a querer namorar e buscar uma vida sexual ativa, a família muitas vezes se sente perdendo o controle sobre suas atividades. Com a intenção de proteger os filhos, pais e mães acabam tratando jovens como eternas crianças, negando a eles o seu direito à sexualidade.
Violência Sexual contra Autistas
Se detectar o abuso sexual em crianças e deficientes é difícil, se eles têm autismo se torna ainda mais complicado. O pedófilo costuma ver a criança como um "objeto", que irá utilizar para a gratificação sexual. Os comportamentos de crianças com autismo pode aumentar essa percepção da criança "objeto" e torná-los mais atraentes para os abusadores. Os problemas de comunicação proporcionam uma certa segurança de impunidade, "quem não fala, não conta". Por sua vez, o próprio comportamentos pode mascarar os sinais de abuso.
Há vários tipos de sinais a serem detectados, dependendo do perfil da criança: O perfil difere muito entre Aspies e entre Autistas quanto aos fatores de funcionalidade, sociabilidade e comunicação Em cada caso, os sinais podem variar substancialmente, mascarando as opções de rastreio.
Por sua vez, teremos diferentes perfis de agressores : Cerca de 90% são do sexo masculino; entre 20 e 30% são cometidos por outras crianças. Potenciais agressores podem ser encontrados dentre o pessoal contratado para atender às necessidades pessoais como profissionais de Transporte Escolar, Terapeutas, Recreadores. Uma grande porcentagem de abuso sexual é cometido por parentes próximos) As famílias de crianças com autismo, para suprir suas necessidades, muitas vezes precisam contratar terceiros para prestar apoio. Não hesite em pedir referências tão extensas quanto possível e procure comprovar a cada uma delas.
Por sua vez, o agressor fará, cuidadosamente, pequenas simulações das suas possíveis investidas para avaliar a facilidade ou a dificuldade de realizar o abuso com a criança. Uma criança consciente do que é certo e errado apresenta um potencial de rejeição da tentativa de abuso. Crianças com deficiência intelectual são especialmente atraentes para os pedófilos, é essencial que estas crianças sejam adequadamente informadas sobre a sexualidade e os devidos cuidados a fim de se tornarem menos vulneráveis.
Encontramos dois tipos principais de abuso: O esporádico e o sucessivo. E cada um desses tipos de abuso tem um quadro diferente, embora as mesmas terríveis conseqüências...
Abuso Sexual Esporádico:
Um abusador ataca uma vítima vulnerável, neste caso uma criança não-verbal com o comportamento estereotipado, com sérios problemas de comunicação... portanto, o agressor se sente seguro de que será difícil para a criança dizer qualquer coisa. Ou pior, que ninguém percebeu nada, visto que seus sinais podem ser muito sutis a ponto de passarem desapercebidos. Neste caso, o ataque é baseado no princípio da oportunidade. Ou seja, o agressor está sozinho com a sua "vítima" em um "lugar seguro" e "ambiente calmo e tranquilo". Assim, é um ataque ou um "bote" no pleno sentido da palavra.
Se a agressão se limitar a tocar, acariciar, ou for uma tentativa de sexo oral, ou masturbação... Após uma agressão nesse nível a vítima será encontrada em estado com que de perplexidade e deverá ser detectada num período tão curto quanto possível. Uma vez que é um abuso esporádica, não significa que não pode ser repetido. Preste atenção a sinais de rejeição da criança a essa pessoa. A confiança da criança no agressor diminuirá e irá querer a companhia de outra pessoa. Pode ser mo sinal de que há algo errado.
Em casos de penetração, tanto vaginal como anal, isso será, evidentemente, muito mais brutal. Atenção aos sinais físicos, vermelhidão, sangramento, marcas ou hematomas e arranhões em suas partes íntimas. São indicadores claros de possível abuso. Procure se certificar, mas nesse caso é comum que a vítima apresente sinais de comportamento mais que evidentes de que algo aconteceu. Saiba interpretá-los.
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Petite Fille au Bouquet
William Adolphe Bouguereau
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