segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SÍNDROME DE MUNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO (OU POR TRANSFERÊNCIA) - MAIS UMA FORMA DE ABUSO CONTRA CRIANÇAS

Os pais com síndrome de Munchausen por procuração fingem que
seus filhos estão doentes
No fim da década de 1970, um pediatra britânico, chamado Roy Meadow, publicou a descrição de dois casos médicos desconcertantes. Em um caso, uma garota de 6 anos, chamada Kay, foi internada no hospital 12 vezes por uma infecção no trato urinário (em inglês) e medicada com oito antibióticosdiferentes, tudo isso sem sucesso. No outro caso, um garoto de 1 ano e 2 meses, chamado Charles, foi hospitalizado muitas vezes com sonolência e vômitos que não tinham uma causa médica aparente. Meadow acabou descobrindo que os dois casos, apesar de parecerem diferentes, tinham muito em comum. A mãe de Kay alterou as amostras de urina para parecer que a criança estava doente. A mãe de Charles induziu a doença dando grandes quantidades de sal ao garoto, que acabou morrendo.

Meadow chamou essa doença, em que os responsáveis intencionalmente falsificam informações ou causam danos a seus próprios filhos para conseguir compaixão, de síndrome de Munchausen por procuração. Por procuração significa "por meio de um substituto". O responsável, e não a pessoa doente, é quem está fingindo ou causando a doença.

A síndrome de Munchausen por procuração também foi chamada de síndrome de Polle, por causa do filho do Barão von Munchausen, chamado Polle, que segundo relatos morreu sob circunstâncias misteriosas próximo da época em que faria um ano. Alguns especialistas, no entanto, dizem que as informações históricas estão incorretas e o termo não é mais usado.

Essa doença é muito rara - existem apenas cerca de mil casos por ano, de acordo com as melhores estimativas. O cenário mais comum é uma mãe fingindo que seu filho está doente ou deixando a criança doente porque ela deseja a compaixão que recebe como resultado disso. A mãe pode mudar os resultados de exames, por exemplo, colocando uma substância estranha em um exame de urina, injetar substâncias químicas na criança, negar comida, sufocar a criança ou dar remédios para causar-lhe vômitos. Em seguida, a mãe insiste que a criança seja submetida a vários exames e procedimentos para tratar o suposto problema. Como a vítima é uma criança, a síndrome de Munchausen por procuração é considerada uma forma de abuso infantil.

Uma pessoa que sofre de síndrome de Munchausen por procuração pode estar em busca de atenção porque sofreu abusos ou perdeu um dos pais quando era criança, por estar passando por problemas sérios no casamento ou uma outra grande crise de estresse. Ser visto como uma mãe ou um pai atencioso pela equipe do hospital é uma maneira de receber o reconhecimento que ela ou ele pode não ter recebido de outra maneira.

Sinais da síndrome de Munchausen por procuração

Os sinais da síndrome de Munchausen por procuração incluem:
Criança que é freqüentemente hospitalizada com sintomas incomuns e inexplicáveis que parecem desaparecer quando o responsável não está presente;

Sintomas que não condizem com os resultados dos exames da criança;

Sintomas que pioram em casa, mas melhoram quando a criança está sob cuidados médicos;

Remédios ou substâncias químicas no sangue ou na urina da criança;

Irmãos da criança que morreram sob circunstâncias estranhas;

Responsável que é preocupado demais com a criança e excessivamente disposto a obedecer os profissionais da saúde;

Responsável que é enfermeiro ou trabalha na área de saúde.

Pegos pela câmera

Na década de 1990, o Dr David Southall, da Inglaterra (em inglês), realizou uma experiência usando câmeras de vigilância escondidas em quartos de um hospital para flagrar as pessoas suspeitas de sofrerem de síndrome de Munchausen por procuração. Suascâmeras de vídeo (em inglês) capturaram imagens horríveis de mães sufocando e envenenando suas crianças. Dos 39 suspeitos que ele gravou, 34 foram flagrados machucando seus filhos e os outros cinco admitiram, depois, terem matado as crianças.

Embora Southall tenha sido considerado o defensor das crianças em alguns círculos, ele foi difamado como inimigo das mães em outros. Muitos pais foram enviados para a prisão e alguns afirmam terem sido acusados injustamente, com base nas evidências que ele forneceu. Em 2004, Southall foi considerado culpado por um grave delito profissional depois de ter feito uma acusação falsa de que um homem havia matado seus filhos, e foi temporariamente impedido de trabalhar com vítimas de abuso infantil.


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