quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LIVRO CONTA HISTÓRIA REAL DE GAROTO ABUSADO SEXUALMENTE PELA PROFESSORA; LEIA ENTREVISTA


Hoje, casos de pedofilia são cada vez mais comuns. Pais que abusam de filhas, homens que abusam de meninos, entre outros. Casos de meninos assediados por mulheres, são mais incomuns, ou pelo menos, pouco divulgados.
O produtor de teatro Davi Castro, de 28 anos, conta sem pudor que foi aliciado sexualmente aos 11 anos, por uma professora de educação física de 24 anos.
No livro "Tia Rafaela" ele narra desde quando começou o romance com sua professora até as inquietações deste relacionamento.
Livro conta comovente história de Davi Castro abusado na infância
Pai aos 13 anos, emancipado aos 17, Davi se casou aos 19 e, cerca de um mês depois, saiu de casa para assumir-se homossexual. Desde então, afastaram-no do convívio com o filho.
O garoto tinha sido registrado pelo marido da professora, com quem ela esteve casada durante todo o tempo em que se relacionou sexualmente com Davi. Os dois, agora, são divorciados.
Atualmente, eles não têm mais nenhum tipo de contato, somente na Justiça, no processo em que Davi tenta provar ser o pai do filho de Rafaela.
No livro, Davi descreve em detalhes, as carícias, o sexo, e todo o ciúme dela pelas coleguinhas de sala dele.
Em entrevista à Livraria da Folha, Davi Castro afirma que teve seus sonhos roubados e que perdeu a inocência muito cedo.
Davi Castro revela todo o drama que sofreu na infância ao ser abusado sexualmente por sua professora
Davi, você detalha no livro todo o abuso sexual e psicológico que sofreu da "Tia Rafaela". Você acredita que ter perdido a inocência tão cedo tenha sido prejudicial?
Davi Castro: Sim. Lembro que quando perdi minha inocência passei a achar o sexo uma coisa natural. Não que ele não seja, mas quando se trata de uma criança de 11 anos descobrindo o sexo de forma incorreta, a coisa se torna mais séria. Na minha cabeça tudo girava em torno de sexo. Na adolescência, insaciavelmente folheava revistas, acessava sites pornográficos e outras coisas bem piores que relato no meu livro. Me sentia perturbado ao fazer aquilo. Me tornei um adulto sem pudores, sentava nas mesas com os amigos e logo começava com o assunto "sexo", perdi o respeito pelas pessoas. Era como se todas fossem vulgares que nem eu era. Na terapia percebi que faltava o respeito com as pessoas devido o comportamento que tive na infância e na adolescência. Isso parecia ser normal até que aceitei que estava doente e precisava de ajuda.
Na novela, o personagem Gerson, interpretado pelo ator Marcelo Antony revela ao psiquiatra todo o abuso que sofreu de uma empregada na infância. Você acredita que existe alguma omissão da sociedade sobre pedofilia feminina?
Castro: Eu acredito que a sociedade não esteja preparada para falar de pedofilia quando o autor do crime é uma mulher, aquela que passa grande parte de seu tempo com crianças e tem que dar a elas carinho. A mulher é educadora, babá, empregada doméstica e mãe. Já imaginou se o assunto ganha proporções maiores e todas as vezes que nós vermos uma mulher beijando e abraçando uma criança, acharmos que ela está abusando dela? Acho que a mídia tem é que esclarecer e não omitir os fatos. Quanto ao personagem de Marcelo Antony (Gerson), na novela eu gostaria que o assunto ganhasse uma proporção maior sem generalização ou seja, no que tange o crime de pedofilia nem sempre é o homem o criminoso e nem sempre a mulher a vítima.
No livro, você conta que fez 10 anos de terapia para conseguir compreender melhor todo trauma que passou. A terapia foi a sua grande aliada na recuperação?
Castro: A terapia me ajudou muito. Mas sem o apoio da minha família e do meu namorado, acredito que a recuperação teria sido mais difícil. O importante é saber que o tratamento é diário. Todos os dias eu aprendo um pouco mais sobre o respeito ao próximo.
O fato de ter sido aliciado por uma mulher, e não uma garota por um homem, levou a maioria das pessoas a achar sua história "menos grave"?
Castro: Com certeza. Infelizmente vivemos numa sociedade machista onde se acredita que quanto antes o menino der início a sua vida sexual, mais homem ele vai ser. É um pensamento totalmente ignorante. Tenho pena das pessoas que pensam assim.
Hoje, você lida tranquilamente com sua a homossexualidade? Foi difícil compreender todo turbilhão de sentimentos e desejos, depois de ter passado por abusos na infância?
Castro: Já tive problemas com minha homossexualidade. Hoje sou muito bem resolvido. No início sofri muito por causa da confusão de sentimentos e por não saber como lidar com eles. A falta de esclarecimento da sociedade é muito opressora para quem está se descobrindo homossexual. Após descobrir que eu não era uma aberração da natureza e que também não precisava de um exorcismo, senti que era hora de buscar outras estruturas. Hoje, após cinco anos trabalhando como produtor cultural, tenho meus próprios projetos e uma carreira consolidada. Quero ser reconhecido pelo meu trabalho e não pela minha orientação sexual. Ninguém chega e diz: Muito prazer sou heterossexual e jornalista. Não quero que o fato de eu ser homossexual me rotule.
Qual o seu maior objetivo com o livro?
Castro: Contar minha verdade para o meu filho. Depois quero também que meu livro sirva como uma espécie de alerta aos pais para que fiquem atentos com o que acontece com seus filhos. E claro, desejo colher bons frutos com meu livro.

LUCIANE BRANDÃO
colaboração para a Livraria da Folha

http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/834523-livro-conta-historia-real-de-garoto-abusado-sexualmente-pela-professora-leia-entrevista.shtml

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