O abuso infantil, ou maltrato
infantil, é o abuso psicológico, físico e/ou sexual em uma criança, por parte
de seus pais ou responsáveis. Ocorre quando “um sujeito em condições de
superioridade (idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade)
comete um ato ou omissão capaz de causar dano psicológico, físico ou sexual,
contrariamente à vontade da vítima, ou por consentimento obtido a partir de
indução ou sedução enganosa.
A criança precisa de segurança
através de emoções saudáveis para compreender os próprios sentimentos. Um
ambiente familiar de violência (química, emocional, física ou sexual) é tão
apavorante para a criança, que ela não consegue manter a própria identidade e
para sobreviver a dor, passa a focar apenas o exterior e com o tempo ela perde
a capacidade de gerar autoestima que vem do seu interior, não sabendo
identificar quem ela é, sem noção do seu próprio eu.
O comportamento agressivo por
parte dos pais e/ou responsáveis pode ser resultado da violência na infância e
da mágoa e da dor não resolvida. Sim, o lamentável é que um adulto agressor em
geral também foi vítima de maus-tratos quando criança.
Parte dos pais que emprega a
violência física como forma de educação, estão repetindo os atos de seus
próprios pais. A criança impotente e ferida transforma-se no adulto agressor.
Muitas formas de maus-tratos contra crianças fazem delas um agressor. Foi
provado cientificamente que crianças castigadas podem ser mais obedientes a
curto prazo, mas a longo prazo tornam-se mais agressivas e destrutivas. Porque
na verdade elas tornam-se obedientes não por respeito ou por terem aprendido
algo, mas por puro medo.
O tipo mais frequente de
maus-tratos contra a criança ou adolescente é a violência doméstica, que ocorre
na maioria das vezes no convívio familiar. Sim, é triste, mas essa é a nossa
realidade. Quem os comete? No abuso sexual em geral é feito pelo pai, irmãos
mais velhos ou tios.
Também considero importante ressaltar
que crianças que assistem à violência são vítimas da violência, ou seja,
espancar a mãe na frente da criança, equivale a espancá-la. Por isso muitos
adultos, mesmo não tendo sido vítimas de agressões, por exemplo, viram sua mãe
apanhar do pai, têm as mesmas sequelas de quem foi agredido.
HÁ 3 TIPOS DE AGRESSÕES E É IMPORTANTE ENTENDER SUAS DEFINIÇÕES:
- Violência psicológica/emocional: Envolve
agressões psicológicas como xingamentos ou palavras que causam danos à criança.
A rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições
exageradas são formas comuns desse tipo de agressão, que não deixa marcas
visíveis, mas causa danos por toda a vida. Gritar, esbravejar com a criança é
violar sua noção de valor. Chamar uma criança de estúpida, boba, louca, burra,
está ferindo a criança com cada palavra.
A violência emocional deixa como
sequelas: perfeccionismo, rigidez e controle.
Pais muito exigentes, não
importando o que a criança faça, nunca consegue corresponder às expectativas.
Nada do que diz, pensa ou sente está certo, a criança sente-se sempre errada.
Violência física: Uso da
força ou atos de omissão praticada pelos pais ou responsável, com o objetivo
claro ou não de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comuns tapas e
murros, agressões com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos
líquidos ou quentes.
Sim, é preciso entender que
omissão por parte de um dos pais, diante da agressão do outro, também é abuso e
considerado crime tanto quanto a violência.
Fala de uma criança: “não sei
onde minha mãe estava enquanto meu pai me batia, mas sei exatamente que ela não
me defendeu, nem com palavras, nem com ações”. O que o mais sensato dos dois
genitores estava fazendo quando a criança mais precisava de sua proteção?
Uma criança espancada, arrastada,
esbofeteada, ameaçada, dificilmente acreditará que é especial e maravilhosa. O
castigo físico corta o elo que a liga ao pai ou a mãe que a maltratam.
A emoção do passado, não
resolvida, geralmente é usada contra a própria pessoa. Exemplo: quando adultos
podem bater no próprio rosto com os punhos fechados, como sua mãe fazia com ele
quando criança.
- Violência sexual: abuso do
poder, no qual a criança ou adolescente é usada para gratificação sexual de um
adulto, sendo induzida ou forçada a práticas sexuais com ou sem violência
física. O abuso sexual pode incluir carícias, exploração sexual e linguagem
obscena. A violência sexual causa um ferimento mais profundo do que qualquer
outra forma de violência. Uma pessoa violentada sexualmente sente que não pode
ser amada pelo que ela é.
O assunto é triste, mas precisa
ser falado, discutido, deixar de ser um assunto tabu, oculto em dores
silenciadas, que muitas vezes se fazem presentes por sintomas e doenças, e que
possamos cuidar dos adultos com suas crianças feridas, para que assim deixem de
criar outras crianças feridas, e quem sabe assim, as crianças de hoje possam
ser tratadas com todo respeito que merecem, evitando que as dores causadas
deixem um rastro com sequelas por toda uma vida.
FONTE: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário