O Fantástico trouxe um alerta para os pais: não dá
pra desgrudar o olho das crianças nem por um segundo. Na praia, no shopping
lotado, é fácil um estranho se aproximar do seu filho e você nem perceber.
O Fantástico fez
um teste que interessa a todas as famílias. Se os pais se descuidam, por um
segundo que seja, um estranho pode levar uma criança embora. No shopping, na
praia, onde for...
Um
homem vai à praia e ao shopping, em São Paulo, com um objetivo: procurar
crianças indefesas, que poderiam ser alvo de bandidos.
Sem
parentes por perto, que risco elas correm?
Camily,
do Rio de Janeiro, e João Rafael, do Paraná. Duas crianças desaparecidas. Nos
dois casos, bastou um instante longe do cuidado de um parente pro pior
acontecer.
Camily
sumiu no ano passado, quando tinha 4 aninhos. Era 4 de novembro, um domingo, 8
horas da manhã. Camily e a avó estavam na frente da casa, sentadas,
conversando. A avó entrou só pra pegar um remédio e voltou logo depois. A neta
já não estava mais lá.
“Só
tinha um sapatinho e uma bonequinha que ela estava brincando. Na minha cabeça,
não se passou que eu deixasse ela aqui, um minuto, e ela ia sumir”, lembra
Sandra Guedes de Sá, avó de Camily.
João
Rafael tem 2 anos. Está desaparecido há mais de três meses.
“Procurei
ele, claro, e ele já tinha desaparecido. Foi muito rápido. Eu, mãe, eu acho que
alguém está com ele”, afirma Lorena Conceição Santos, mae de João Rafael.
O
sumiço de crianças também preocupa famílias que estão do outro lado do mundo.
Malásia, sudeste asiático. Um homem se aproxima e entrega pirulitos. As
crianças voltam pra perto dos pais e eles levam um susto. No doce, há um
recado: "Em uma fração de segundo, seu filho pode ser atraído. Mantenha o
olhar atento, antes que seja muito tarde".
O
vídeo já foi visto na internet mais de 1,3 milhão de vezes, desde o mês
passado. Ele foi feito por uma entidade que desenvolve projetos de segurança
para crianças do mundo inteiro. Os pais eram atores. Mas as crianças não tinham
sido avisadas do teste. Todas que apareceram no vídeo aceitaram o pirulito e
conversaram com o homem que nunca tinham visto antes.
O
Fantástico vai tentar reproduzir essas cenas. Só que agora, nós estamos atrás
de casos reais, pra mostrar que um segundo de descuido é suficiente pra um
estranho se aproximar.
Um
garotinho, de quatro anos, está sozinho, na porta da loja. A mãe está de
costas. Não viu o que tinha acabado de acontecer.
Em
outra situação, a criança está atrás de dois adultos. O menino, de 10 anos,
guarda o doce. Ninguém percebe nada.
Em
um shopping, na Zona Leste de São Paulo, mais uma garotinha está longe dos
parentes. Ela sai pulando e só depois encontra a avó. Em duas horas, oito
crianças foram abordadas, sem que as famílias percebessem.
O
homem que ajudou o Fantástico nesse teste chama-se Rui Silva. Ele é educador e
representante de um projeto que tenta evitar que crianças desapareçam.
“Do
jeito que eu fui gentil, eu poderia usar de violência, segurá-lo, tapar a boca
e levá-lo porque eu sou uma pessoa grande e forte. Você perde ele de vista e
pode desaparecer pra sempre. Muito cuidado, mamãe”, alerta Rui Silva, educador
do Projeto Anjos do Verão.
Mas
o que fazer então?
“Tire
sempre uma foto, na hora de sair de casa. Nem sempre, na hora do desespero, ela
vai lembrar exatamente a roupa que ele estava. No caso agora, dessa época de
compras intensas, traga um familiar, a vovó, um primo, alguém, para estar
junto, olhando, pra que você possa fazer suas compras com sossego e ele,
seguro. Nunca deixar a criança pra trás. Do lado, no mínimo. Sempre na frente e
sempre falando em casa o que fazer, criando sempre um ponto de encontro, uma
loja favorita, uma lanchonete favorita no shopping”, ensina o educador.
E
na praia, nesses dias movimentados, será que é fácil um estranho se aproximar
de uma criança desacompanhada?
Guarujá,
litoral paulista. A menina, de 6 anos, sai da água sozinha e pega o doce. A mãe
está sentada, de costas pro mar. Ela lê a mensagem e agradece o alerta.
Outro
teste... Mais uma menina. E olha o perigo. O garoto - que estava com ela –
corre e fala com o homem que ele nunca tinha visto antes. A família não
percebeu nada.
“Tem
que escalar alguém ou pra ficar acompanhando fisicamente ou com o olhar.
Não tirar o olho. Crianças que ainda não têm capacidade de memorização, abaixo
de 6 anos: identificação na roupa, pulseira, tudo o que puder colocar, o
telefone, o nome do papai e da mamãe. Crianças maiores, memorização e sempre
ensinar um ponto de referência: um restaurante, um prédio, em frente à praia,
algo que não saia do lugar, aí é importante e a criança vai memorizar”, diz
Rui.
Hoje,
Rui sabe o que fazer, mas 11 anos atrás ficou completamente perdido, quando o
filho sumiu na praia lotada.
“Você
pensa que afogou, pensa que está morto, que alguém sequestrou. Meio metro, um
metro no meio da multidão, perde-se mesmo. É como se fosse uma agulha no
palheiro. E durante 15 minutos, uma senhora encontrou. É uma experiência
terrível”, lembra.
A
chance de uma tragédia acontecer é menor quando o filho segue os conselhos dos
pais.
Há
muitas crianças desaparecidas. Algumas há vários anos. Os parentes fazer um
apelo.
“Eu
quero a minha neta, por favor. Alguém viu a minha neta, me devolve”, pede
Sandra Guedes de Sá, avó de Camily.
“Que
a pessoa que pegou ele, que nos devolva. Que entregue o nosso filho, por
favor”, diz Lucas Kovalski, pai de João Rafael.
“O
mais importante da minha vida é a vida dele. A vida dele”, desabafa Lorena
Conceição Santos, mãe de João Rafael.
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