quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DENÚNCIAS DE PEDOFILIA NA IGREJA COMEÇARAM A SURGIR NOS ANOS 80

Somente nos EUA, Vaticano já pagou US$ 3 bilhões em indenizações a vítimas


Somente a partir dos anos 80, as primeiras denúncias de casos de pedofilia envolvido padres e outras figuras da Igreja Católica começaram a vir à tona, em especial nos Estados Unidos e no Canadá. Nos anos 1990, surgiram revelações de abusos na Irlanda, no México e no Reino Unido. Somente com o pagamento de indenizações a vítimas nos EUA estima-se que, entre 1950 e 2007, o Vaticano tenha desembolsado cerca de US$ 3 bilhões.

As denúncias de abusos generalizados abalaram a igreja e levaram a perda de milhares e fiéis, muitos indignados com a capacidade da instituição de reagir e punir os pedófilos. A Santa Sé é signatária da convenção da ONU sobre os Direitos da Criança desde 1990, mas somente em 2013 modificou o Código Penal da Cidade do Vaticano, passando a reconhecer como crimes os abusos contra jovens. Os delitos de violência sexual, prostituição e pornografia infantil envolvendo menores podem ser punidos com até 12 anos de prisão.

A dificuldade em pôr fim aos abusos — há diversas denúncias de religiosos que continuaram atacando menores mesmo após afastados de suas arquidioceses, sem que a Igreja tomasse medidas rigorosas para puni-los — teria sido uma das razões da renúncia do Papa Bento XVI. Ao assumir o posto, em março de 2013, o Papa Francisco afirmou que lidar com a questão era fundamental para a credibilidade da Igreja Católica. Em dezembro do mesmo ano, ele criou uma comissão para punir os padres pedófilos e oferecer ajuda às vítimas.

Não faltam casos para o Vaticano investigar. Em julho de 2010, o padre John Sidney Denham, então com 67 anos, se declarou culpado das acusações relativas ao assédio a meninos entre 5 e 16 anos de escolas de Nova Gales do Sul, na Austrália, entre os anos de 1968 e 1986. Ao ser condenado a quase 20 anos de prisão, pediu desculpas às vítimas e às suas famílias, afirmando que não passava de um "pedófilo asqueroso".

Em março de 2010, o “The New York Times” publicou uma ampla reportagem sobre os abusos na escola para deficientes auditivos Saint John, em Milwaukee, no estado americano de Wisconsin. Os casos teriam acontecido entre os anos 60 e 70, envolvendo dezenas de meninos. Três arcebispos foram alertados para os avanços do padre Murphy nos alunos, mas nada fizeram para protegê-los. O algoz nunca foi punido, mesmo após ter confessado a uma assistente social que molestara 30 crianças.

Na mesma época, na Alemanha, outra denúncia dava conta de que o então cardeal Joseph Ratzinger — futuramente consagrado como o Papa Bento XVI — teria acobertado os abusos cometidos pelo padre Peter Hullermann.

Acusado em 1979 de molestar crianças na cidade de Essen, Hullerman foi submetido à avaliação psiquiátrica, que teria comprovado uma tendência à pedofilia. Ratzinger determinou que o padre fosse transferido e tratado em Munique. No ano seguinte, porém, o cardeal foi informado de que Hullerman continuava no serviço pastoral. Seis anos depois, ele foi novamente acusado de abusar de crianças.

FONTE: ACERVO JORNAL O GLOBO

http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/denuncias-de-pedofilia-na-igreja-comecaram-surgir-nos-anos-80-11509839



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