sábado, 29 de março de 2014

ESTUPRO - 70% DAS VÍTIMAS SÃO MENORES

Levantamento do Ipea aponta que idade inferior a 13 anos é a que mais sofre violência sexual


A cada ano, pelo menos 527 mil pessoas são estupradas no Brasil, e apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia. A constatação é de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre casos de violência sexual no país. Do total das vítimas, 70% são crianças e adolescentes – 50% têm menos de 13 anos. As mulheres também são a maioria, 88,5%. Quando se trata apenas de crianças, os meninos são 18,8% das vítimas. Em casos com crianças, 32,2% dos agressores são amigos ou conhecidos e 24% são pais ou padrastos.

O estudo “Estupros no Brasil – Uma Radiografia Segundo os Dados da Saúde” tem como base dados de 2011 do Ministério da Saúde sobre os casos de estupro no país. A pesquisa traça o perfil das vítimas, dos agressores e as características dos casos. “A ideologia do patriarcalismo e sua expressão machista reforçam determinados padrões de conduta que muitas vezes levam à violência de gênero e, em particular, aos estupros”, conclui o documento.
Para o psiquiatra e professor da UFMG Maurício Viotti, as crianças e os adolescentes estão mais suscetíveis sofrer abusos porque são mais manipuláveis. “O agressor tem o domínio maior sobre uma criança ou um adolescente, e eles também estão mais sujeitos à chantagem emocional para que não revelem que foram agredidos”, afirma. Segundo ele, o principal caminho para mudar isso é a educação. “As denúncias também precisam chegar às autoridades para que haja intervenção e punições”, disse.
Consequências

Os autores destacam ainda que os dados são alarmantes diante das consequências do estupro, como diversos transtornos, incluindo depressão, fobias, ansiedade, abuso de drogas ilícitas, tentativas de suicídio e síndrome de estresse pós-traumático.

Trecho do estudo

“É dramático perceber que do total de casos, 15% foram cometidos por duas ou mais pessoas e que 11,3% dos estupros envolvendo crianças foram cometidos pelos próprios pais, que deveriam protegê-las. É um quadro que revela uma grave doença coletiva, de uma sociedade em estágio pré-civilizatório”.



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