Levantamento do
Ipea aponta que idade inferior a 13 anos é a que mais sofre violência sexual
A cada ano, pelo menos 527 mil pessoas são estupradas no
Brasil, e apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia. A constatação
é de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre
casos de violência sexual no país. Do total das vítimas, 70% são crianças e
adolescentes – 50% têm menos de 13 anos. As mulheres também são a maioria,
88,5%. Quando se trata apenas de crianças, os meninos são 18,8% das vítimas. Em
casos com crianças, 32,2% dos agressores são amigos ou conhecidos e 24% são
pais ou padrastos.
O
estudo “Estupros no Brasil – Uma Radiografia Segundo os Dados da Saúde” tem
como base dados de 2011 do Ministério da Saúde sobre os casos de estupro no
país. A pesquisa traça o perfil das vítimas, dos agressores e as características
dos casos. “A ideologia do patriarcalismo e sua expressão machista reforçam
determinados padrões de conduta que muitas vezes levam à violência de gênero e,
em particular, aos estupros”, conclui o documento.
Para o psiquiatra e professor da UFMG Maurício Viotti, as
crianças e os adolescentes estão mais suscetíveis sofrer abusos porque são mais
manipuláveis. “O agressor tem o domínio maior sobre uma criança ou um
adolescente, e eles também estão mais sujeitos à chantagem emocional para que
não revelem que foram agredidos”, afirma. Segundo ele, o principal caminho para
mudar isso é a educação. “As denúncias também precisam chegar às autoridades
para que haja intervenção e punições”, disse.
Consequências
Os autores destacam ainda que
os dados são alarmantes diante das consequências do estupro, como diversos
transtornos, incluindo depressão, fobias, ansiedade, abuso de drogas ilícitas,
tentativas de suicídio e síndrome de estresse pós-traumático.
Trecho do estudo
“É dramático perceber que do total de casos, 15% foram cometidos
por duas ou mais pessoas e que 11,3% dos estupros envolvendo crianças foram
cometidos pelos próprios pais, que deveriam protegê-las. É um quadro que revela
uma grave doença coletiva, de uma sociedade em estágio pré-civilizatório”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário