Foi divulgado
recentemente o resultado do maior Estudo realizado pela Unicef, agência de
defesa dos direitos da infância da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre
violência infantil. O relatório, que inclui dados de 190 países,
revelou que cerca de 120 milhões de meninas no mundo, quase uma em cada
dez, foi estuprada ou vítima de abusos sexuais antes de completar 20 anos.
O relatório aponta ainda que a violência sexual
contra crianças tem consequências em longo prazo, na medida em que pode criar
obstáculos ao desenvolvimento físico, social e psicológico da vítima.
Relaciona-se também aos malefícios do abuso a indução de comportamentos
autodestrutivos, como a bulimia e a anorexia. Além de distúrbios psicológicos
tais como a depressão, ataques de pânico, ansiedade e pesadelos. O texto
também constata de forma alarmante que as crianças que sofreram abusos são
mais propensas a cometer suicídio. Sendo que o risco é proporcional à
gravidade do ato.
Além de elucidar a atual situação da violência
infantil em todo o mundo a Unicef, a partir dos dados
pesquisados, recomenda seis estratégias para evitar a violência contra
as crianças, entre esses: "apoiar os pais e fornecer às
crianças habilidades para a vida; mudar atitudes; reforçar os sistemas e
serviços judiciais, criminais e sociais; e gerar exemplos e consciência sobre
a violência e seus custos humanos e socioeconômicos, com o objetivo de mudar
atitudes e normas".
E quanto a nós, cidadãos comuns, o que podemos
fazer para contribuir com a mudança de atitude em relação à violência?
Organizações de defesa de direitos humanos em todo o mundo tem contribuído de
forma significativa para mobilizar cidadãos para causas diversas por
meio de campanhas que podem facilmente serem disseminadas pelas redes sociais.
A exemplo dessas destacamos a importante campanha internacional “Stop Rape
Now”( Pare o Estupro) que tem o objetivo de mobilizar a sociedade para parar
o estupro e Violência de Gênero em Conflitos. A campanha une organizações e
indivíduos em um esforço forte e coordenado para provocar mudança.
Segundo os organizadores da campanha;
“Estupro em conflito não é um
fenômeno novo. Mas com o aumento de dados advindos de pesquisas e a
visibilidade na mídia, fica clara a natureza generalizada da violência
de gênero em todo o mundo. Estupro não é mais considerado uma parte
inevitável do conflito armado, a evidência mostra que ele é empregado como
uma arma estratégica para destruir pessoas, comunidades e nações inteiras”.
Ainda, segundo a Instituição, “Violência de gênero
é uma arma tática utilizada pelas forças de segurança do Estado e de grupos
armados da mesma forma. Ele inclui estupro, escravidão sexual, gravidez
forçada, esterilização, mutilação genital e abuso sexual utilizando objetos. No
direito internacional, estupro e violência de gênero são considerados um
crime contra a humanidade, crimes de guerra e estupro pode ser um crime de
genocídio”.
Os motivos para estupro relacionados com
conflitos e violência de gênero são variados, vão do nível tático ao pessoal.
Neste sentido, para os organizadores da campanha:“O estupro é
muitas vezes usado para destruir os laços sociais e culturais das
comunidades, estupro coletivo pode ser usado para criar coesão dentro das
unidades do exército, ele pode ser usado para garantir o terror entre o
inimigo ou durante saques. Estupro continua a ser frequentemente
usado como uma arma após a negociação de paz, já que os vários lados nos
conflitos lutam para desmobilizar e retomar suas vidas ao lado do outro,
muitas vezes ainda temendo novos combates. A violência de gênero rasga o
tecido social e continua a deixar um profundo impacto sobre os sobreviventes
e comunidades nos anos após o ataque e conflito. Além de problemas médicos,
como doenças sexualmente transmissíveis, ainda há o agravante do trauma
psicológico”.
Os resultados da recente pesquisa demonstram que
este é o tempo oportuno para reavivar a campanha que já circula pelo menos há
6 anos na mídia. Apesar da insistência dos ativistas em propagar a causa e
sensibilizar as autoridades governamentais, membros da organização da campanha
Internacional para parar o Estupro e Violência de Gênero em Conflitos
expressaram a sua decepção com a Cúpula Global pelo Fim da Violência Sexual,
organizada pelo governo do Reino Unido, que segundo eles, terminou com poucos
resultados concretos capazes de provocar um impacto imediato.
Neste pronunciamento público, Leymah Gbowee,
Prêmio Nobel da Paz e co-presidente da campanha declarou: "Estamos
agindo por décadas. O que a sociedade civil quer é não falar mais, sabemos
como é ruim lá fora, nós precisamos que os governos influenciem o fim da
violência sexual.” E de forma contundente
rebateu: "A violência sexual e estupro não surge apenas
de condições de guerra; está diretamente relacionada com a violência que
existe na vida das mulheres durante o tempo de paz. A militarização e a
presença de armas legitima novos níveis de brutalidade e impunidade. Essa
violência, infelizmente, continua em no pós-conflito”.
Fazemos nossas as palavras de Gbowee. O
Ministério Filhas de Sara tem lutado para sensibilizar a sociedade e
principalmente a Igreja sobre a importância de tomar uma atitude em relação
aos frequentes abusos contra as mulheres. Sendo assim, consideramos
pertinente nossa adesão e total apoio à campanha. Junte-se a nós e diga não à
violência contra a mulher.
Conheça nosso projeto de acolhimento às meninas
vítimas de casamento forçado e mutilação genital em Guiné-Bissau. Para
maiores informações entre em contato conosco: claudia@maisnomundo.org.
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Fontes:
http://www.stoprapeinconflict.org/campaign_disappointed_in_results_of_global_summit ;
http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKBN0H01GV20140905;
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/uma-em-cada-10-meninas-no-mundo-sofre-abusos-sexuais;
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/09/uma-em-cada-10-meninas-no-mundo-sofre-abusos-sexuais-diz-estudo-da-onu-4591826.html
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