De acordo com novos dados
apresentados ontem pelas Nações Unidas, a violência contra as crianças é
universal, é tão prevalente e profundamente enraizada nas sociedades que freqüentemente
não a vêm e aceitam-na como norma.
O novo
relatório do fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF),Hidden in plain sight: A
statistical analysis of violence against children (“Escondida em plena vista: Uma
análise estatística da violência contra as crianças”), baseia-se nos dados de
190 países de forma a procurar esclarecer uma questão que tem permanecido pouco
documentada.
O
relatório revela que duas em cada três crianças no mundo com idades
compreendidas em os 2 e os 14 anos (quase mil milhões) estão sujeitas a maus-tratos
físicos pelas pessoas que cuidam delas. No entanto, apenas um terço dos adultos
em todo o mundo acredita que o castigo físico é necessário para dar uma boa
criação ou educação às crianças.
Susan
Bissell, Chefe da proteção infantil na UNICEF disse em entrevista que os dados
essenciais mostram que “se neste momento há um aspecto comum da sociedade
humana, é o fato de que se comete enorme violência contra as crianças”.
“É no
entanto importante que não fiquemos com a mensagem de que há violência em toda a
parte, que vivemos num mundo horrível, mas devemos lembrar que existem soluções
já experimentadas e avaliadas”, disse.
Embora
o relatório contenha dados sobre violência física, emocional e sexual, cometida
em contextos onde as crianças se devem sentir seguras, como sendo as suas
comunidades, escolas e lares, existe uma limitação fundamental na documentação
de violência contra as crianças.
Os
dados incluem novos números sobre violência disciplinar - que é a forma mais
comum de violência contra as crianças assim como a violência contra as
raparigas - classificações gerais para abuso físico e sexual. O
relatório também analisa as taxas de homicídios – uma das principais causas de
morte dos jovens adolescentes do sexo masculino.
De fato,
um quinto das vítimas de homicídio consiste geralmente de crianças e
adolescentes menores de 20 anos, resultando em cerca de 95 mil mortes em 2012,
e um pouco mais de um em cada três estudantes de idades compreendidas entre os
13 e os 12 em todo o mundo sofre de bulliyng na escola.
“Violência
gera violência. Sabemos que uma criança que sofre de abusos está mais
susceptível a olhar para a violência como algo normal, e até mesmo aceitável e
certamente estará mais pré disposta a perpetuar no futuro atos de violência
contra os seus ou as suas próprias crianças”, afirmou o Diretor Executivo da
UNICEF, Anthony Lake.
As
percepções sobre a violência incluindo números chocantes sobre as opiniões das
crianças e relutância em denunciar o abuso também foram denunciadas. Portanto,
a mudança de atitudes relativas à violência contra as crianças começa com a
educação. O relatório é uma oportunidade para entrar no domínio público e dizer
“agora vocês têm que fazer algo”, afirmou a Chefe da proteção infantil na
UNICEF.
“Mudança
social, atitudes positivas de rapazes e raparigas e posteriormente de gêneros
levam algum tempo a ser mudadas, mas podemos ver mais rapidamente mudanças dos
que antes, pelo menos com o advento das redes sociais e do uso de abordagens
mais inovativas e criativas, afirmou Bissel.
Os
afeitos da violência contra as crianças pode durar uma vida, da mesma forma que
a exposição à violência pode alterar o desenvolvimento do cérebro de uma
criança, saúde emocional e física. A violência também é transmitida de uma
geração para a outra. Mas a violência não é inevitável; pode ser prevenida.
“A
violência contra as crianças ocorre todos os dias, em todo o lado [mas] não é
inevitável. É passível de prevenção, se não deixarmos a violência prevalecer
nas sombras”, afirmou o Diretor Executivo da UNICEF. “As provas deste relatório
levam-nos a agir, para o bem dessas crianças e para a força futura das
sociedades em todo o mundo”.
A UNICEF
aposta em seis estratégias para capacitar a sociedade como um todo, das
famílias aos Governos, para prevenir e reduzir a violência contra as crianças.
Incluem apoio parental e equipar crianças com habilidades para a vida, a
mudança de atitudes, reforço judicial, criminal e dos sistemas e serviços
sociais, e a criação de mecanismos de recolha de provas e a consciencialização
sobre a violência e sobre os custos socioeconômicos, de modo a mudar as
atitudes e as normas.
05 de Setembro de 2014, Centro de Notícias/traduzido e editado por UNRIIC
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