domingo, 5 de maio de 2013

Maus tratos à criança aumentam 36%, diz estudo do HC


LEVANTAMENTO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE SÃO PAULO REVELA TAMBÉM QUE 75% DAS VÍTIMAS AINDA NÃO COMPLETARAM 2 ANOS DE IDADE, QUE AS MÃES SÃO AS PRINCIPAIS AGRESSORAS E QUE 10% DOS CASOS SÃO DE ABUSO SEXUAL


Maus tratos à criança aumentam 36%, diz estudo do HC
 São Paulo – O número de casos de maus tratos infantis no primeiro semestre de 2010 foi 36% maior do que em igual período do ano passado. Esta é a constatação de um levantamento do Serviço Social do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em 60% dos casos registrados os pais foram os agressores, sendo a mãe a que mais cometeu o crime.
Além da mãe e do pai, os agressores mais frequentes são outros membros da família, como tios, irmãos, padastros e madastras. O abuso sexual responde, em média, por 10% dos casos de violência infantil.
Até julho passado, foram atendidos 60 casos de violência infantil no HC, entre eles uma tentativa de suicídio de uma garota de 13 anos, vítima de agressão psicológica pelos pais. “Elas alegam passar mais tempo com os filhos e muitas vezes acabam descontando nas crianças as frustrações e as brigas com o companheiro”, diz o pediatra Antônio Carlos Alves Cardoso, que trabalha no Instituto da Criança e no Hospital Auxiliar de Cotoxó, também ligado ao HC.
O especialista alerta que 75% dos casos de agressão acontecem com crianças menores de dois anos. “Desse percentual, metade é menor de um ano, fase na qual a criança ainda não consegue se expressar ou se defender”, observa o médico.
De acordo com a sua tese de doutorado, mais de 90% das crianças que sofrem agressão terão seqüelas físicas ou psicológicas. “Quanto mais nova for a criança agredida, maior a chance da sequela ser grave”, relata. Os meninos são as maiores vítimas da chamada “síndrome do bebê chacoalhado” porque têm mais cólicas e choram muito.
A equipe de saúde multidisciplinar do Instituto da Criança, que inclui médicos, enfermeiras, assistentes sociais e psicólogos, é treinada para diferenciar uma violência de um possível acidente. “O atendimento deve ser bem detalhado, porque 60% das vítimas voltarão a ser agredidas”, alerta Cardoso.
Mudanças repentinas de comportamento das crianças são fortes indícios de que elas podem estar sofrendo algum trauma. “É fundamental ficar atento a essas alterações, como dificuldades de se alimentar e dormir, ou introspecção, timidez e passividade exagerada”, destaca o médico, acrescentando que, às vezes, as pessoas nem desconfiam dos verdadeiros agressores. “Pequenos detalhes que as crianças emitem podem ser fundamentais para evitar uma tragédia, pois estatísticas mostram que 5% das vítimas de maus tratos acabam morrendo na mão dos agressores”.


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