Já li
alguns livros de Richard Dawkins e confesso ter gostado. Seu uso da ciência
para atacar as crenças religiosas me encantou por algum tempo. Uma carta sua
para a filha de dez anos, ao término de Capelão do Diabo,
parece uma ode ao pensamento crítico e independente.
Mas
quando vejo tanto seu ateísmo militante (e chato ou mesmo intolerante) e também
seu crescente relativismo moral, chego a questionar se os conservadores
religiosos não estão certos quando falam do “drama do humanismo secular”. Será
que os valores se perdem por completo sem uma régua mais, digamos, eterna?
Não vou
tentar responder isso aqui e agora, mas vou expor a última de Dawkins, que
considero realmente assustadora. O cientista teria dito que
a “leve pedofilia” não é algo tão condenável assim. Usou como exemplo seu
próprio caso na infância, quando um professor teria o colocado no colo e depois
metido as mãos dentro de seu short.
Segundo
o biólogo, o professor teria feito isso com vários alunos, mas não acha que
nenhum deles sofreu algum tipo de dano permanente. Tampouco acha que pode
julgá-lo com base nos critérios e valores de hoje, já que isso ocorreu há
décadas atrás.
Curiosamente, o cientista estaria aliviando para o lado de
padres acusados de pedofilia. Mas é um religioso que vem atacar o absurdo
disso. Peter Watt, diretor na National Society for the Prevention of
Cruelty to Children, disse:
O
Sr. Dawkins parece pensar que, porque um crime foi cometido há muito tempo,
devemos julgá-lo de uma maneira diferente. Mas sabemos que as vítimas de abuso
sexual sofrem os mesmos efeitos se foi há 50 anos atrás ou ontem.
Há
“progressistas” tentando relativizar a pedofilia. O jornal britânico de
esquerda, The Guardian,
publicou um artigo no começo de 2013 chamado Paedophilia: bringing dark
desires to light, em que é tratada como algo quase normal.
O jornal deu espaço para Sarah Goode, da Universidade de
Winchester, expor sua opinião de que um em cada cinco adultos são capazes, em
certo grau, de ser sexualmente despertados por crianças. Trocas “voluntárias”,
entre um adulto e uma adolescente, passarão a ser vistas como algo aceitável no
mundo “moderninho”. Engov!
Voltando a Dawkins, ele diz sobre o professor de sua infância:
“Não acho que ele causou em qualquer um de nós dano duradouro”. Ouso discordar.
Em tempo: Dawkins é especialista em biologia evolutiva, mas
pedofilia jamais poderá ser vista como algum tipo de evolução. Na verdade, é um
atraso que nos remete à barbárie do século VII, quando certo profeta resolveu
se casar com uma menina de 9 anos apenas!
Nota:
A repercussão da coisa toda foi tão grande que Dawkins veio se explicar, colocando sua fala dentro de um
contexto diferente. Menos mal. Mas o alerta continua válido: o relativismo
moral dos progressistas tem levado a bandeiras bizarras nos últimos anos.
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