Cartilha ajudará policiais do
Rio a identificar vítimas de abuso. 32 mil denúncias foram registradas no Disque 100 em 2013.
O Brasil registra três denúncias de abuso sexual de
crianças e adolescentes por hora. Repórteres ouviram relatos dramáticos de
vítimas e dos familiares de quem já sofreu esse tipo de violência.
“Ele puxou a arma, deu uma coronhada na
cabeça dela. Então ele começou, abusou dela a primeira vez. Deixou minha filha
no meio da rua e foi embora. Foi o que ela falou para mim: ’ mãe, quando o meu
rosto bateu na água da vala, foi a melhor sensação do dia”, conta a mãe de uma
vítima.
O homem que estuprou a filha de uma mulher
fez o mesmo com mais duas meninas em apenas uma semana. "Saber que eu fui
incapaz de proteger a minha filha de uma coisa dessas é muito ruim".
No ano passado, foram registradas no
Brasil quase 32 mil denúncias no Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos.
O que dá uma média de três crianças e adolescentes abusados a cada hora.
Uma vítima de abuso conta que lutou com o
criminoso, mas ele fugiu. “Lutei com ele, briguei, lutei, fiz de tudo, arranhei
o rosto dele e não teve jeito, me imobilizou e fez o que fez”.
Não foi fácil criar coragem para registrar
a queixa. A vítima conta o que ouviu de um policial: “Também, você estava com
roupa de dormir. Na delegacia especializada, uma delegacia de mulher, a pessoa
virar para mim e tentar me culpar pelo que tinha acontecido? Eu esperava que
todos fossem me culpar também”, conta.
Uma cartilha foi criada pela Promotoria da
Infância e da Juventude no Rio de Janeiro para ajudar os policiais a
identificar nas ruas sinais de violência ou de exploração sexual de menores. É
uma iniciativa importante no momento em que várias cidades do país se preparam
para receber muitos turistas por causa da Copa do Mundo.
“O simples fato de um policial abordar um
turista que está parado conversando com essa adolescente prevenirá a prática
dessa violação de direitos”, explica a promotora da Infância e Juventude,
Clisânger Ferreira.
Uma mãe conta que sua filha começou a se
prostituir aos 13 anos de idade. “Tirei minha filha cinco vezes dentro de um carro
de um coroa. Eu vi a minha filha igual a mendigo, andando mal arrumada,
dormindo na calçada, até na calçada eu peguei minha filha dormindo”.
“Se tornou uma criança mais reativa, mais
tímida, procurando sempre se isolar do convívio social. Muitas vezes chora sem
uma causa aparente. A família às vezes não percebe porque acaba tratando como
se fosse outro problema qualquer", diz a coordenadora do núcleo Marisa
Chaves.
Após cinco meses de abuso, uma mãe descobriu que a filha
de 15 anos estava grávida. "Quando a gente chegou ao hospital para
fazer o aborto legal, já tinha passado da data. Conversei muito com ela, e a
gente resolveu dar para adoção".
O estuprador era o tio da adolescente que
a ameaçava. "Isso aí é uma coisa que ela vai carregar para vida inteira.
Por mais que ela seja uma pessoa normal, que a gente pensa? Mas ela não é e não
vai ser nunca”, fala a mãe.
Uma outra campanha, do Ministério do
Turismo, intitulada "Proteja - não desvie o olhar" quer estimular
denúncias de abuso sexual contra menores. Para denunciar basta ligar para o
número 100.
FONTE: G1 – O GLOBO
http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/04/brasil-registra-3-denuncias-por-hora-de-violencia-sexual-contra-menores.html
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