Docente da Unesp realizou o
levantamento em 5 cidades do Estado de SP.
Bava espera conseguir criar um observatório para prevenir novos casos.
Tudo começou com
reuniões com estudantes em escolas públicas de Araraquara (SP). “Entrávamos na sala de aula mais problemática da
escola e pedíamos para as crianças contarem histórias, até que elas começaram a
abordar os meus alunos perguntado por que elas tinham que ter relações sexuais
dentro de casa”, conta Augusto Caccia-Bava, professor do Departamento de
Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Em
uma das abordagens, uma criança de 10 anos contou que a mãe da amiga
‘emprestava’ a filha para o vizinho.
Com
esses relatos, ele procurou a ajuda de vários especialistas, recebeu a
orientação de deixar as crianças falarem, sem interrupção dos relatos, e
decidiu continuar investigando a questão do abuso sexual.
Docente
do campus de Araraquara, ele realizou estudos na cidade e em São
Carlos, Ribeirão
Preto, Bauru e São
José do Rio Preto -
municípios que, segundo o Ministério da Justiça, registram casos de tráfico de
pessoas para exploração sexual e registram, oficialmente, cerca de 20 novos
casos de violência por mês - e trabalha na criação de protocolos de atendimento
para vítimas e de um observatório para prevenir novas ocorrências.
Prevenção
Caccia-Bava e seus alunos realizaram cerca de 90 entrevistas nas cinco cidades
com agentes públicos responsáveis pela assistência às vítimas, como juristas,
delegados, promotores, oficiais da Polícia Militar, integrantes da Guarda Municipal,
assistentes sociais, psicólogos, representantes do Conselho tutelar e agentes
de saúde.
Segundo
o pesquisador, o levantamento apontou que os serviços de assistência social,
juntamente com os Centros de Referência Especializados de Assistência Social,
conseguem atender apenas cinco casos por semana e que há a necessidade de 12
assistentes sociais e 12 psicólogos em cada unidade."Não tem tempo e falta
pessoal. A ausência de um corpo técnico para dar conta do problema é
evidente".
Reduzir
o número de casos por profissional permitiria, por exemplo, que os agentes
conseguissem acompanhar as famílias.
Em
70% dos casos, segundo Bava, os agressores estão dentro de casa ou na
vizinhança e o ideal seria os agentes e conselheiros visitarem as famílias. “As
famílias têm que ser objeto de atenção. Sendo famílias de crianças consideradas
vulneráveis, é necessário estudar o caso, ver o equilíbrio da família, se
existe caso de desemprego, droga ou até prostituição dentro do lar”, relatou o
professor.
“É
importante também prevenir o segundo abuso. A prevenção exige mobilização
intensa e permanente dos agentes públicos junto com as vítimas e os
familiares”, completou.
Outra
questão a ser trabalhada é o preconceito. “Existe um enorme preconceito em
relação às vítimas, a sociedade precisa aceitar e abraçar essas pessoas”,
disse.
“Esses
casos não ocorrem apenas em regiões pobres, existem também na classe média,
média alta e rica, não é uma coisa pequena”.
Observatório
Agora, com os dados compilados, Bava trabalha para criar um observatório sobre
experiências de prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes.
O
objetivo é difundir propostas de intervenção e propor um atendimento
padronizado, já que, segundo o professor, não há nas unidades um protocolo
específico referente ao apoio às vítimas.
Bava
também quer difundir a ideia de polos de prevenção, com projetos locais em
cidades que possuem universidades federais, por exemplo.
Fonte: G1
http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2016/07/pesquisador-estuda-atendimento-vitimas-de-abuso-e-propoe-mudancas.html
Caccia-Bava e seus alunos realizaram cerca de 90 entrevistas nas cinco cidades com agentes públicos responsáveis pela assistência às vítimas, como juristas, delegados, promotores, oficiais da Polícia Militar, integrantes da Guarda Municipal, assistentes sociais, psicólogos, representantes do Conselho tutelar e agentes de saúde.
Agora, com os dados compilados, Bava trabalha para criar um observatório sobre experiências de prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes.
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