Média
foi de 225 casos por dia, segundo dados do Dique Direitos Humanos
O Disque Direitos Humanos recebeu 82.281 denúncias de violações
de direitos humanos de crianças e adolescentes em 2011, uma média de 225 por
dia, segundo dados do serviço da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República obtidos pelo G1.
O número é quase o triplo das denúncias recebidas no ano
anterior, quando houve um total de 30.544 – um aumento de 169,4%.
E neste ano, o total dos relatos sobre abusos contra crianças e
adolescentes em apenas 4 meses já representa quase a metade do recebido em todo
o ano passado. Foram 34.142 atendimentos de janeiro a abril, aumento de 71% em
relação ao mesmo período de 2011.
"O aumento na capacidade de atendimento e a ampla
divulgação do canal de denúncias trouxeram um salto no número de denúncias
registradas", diz a secretaria.
A partir de março de 2011, o atendimento do Disque 100 foi
ampliado, passando a funcionar todos os dias, 24 horas. Até então, funcionava
das 7h às 22h.
Os dados do Disque 100 devem ser divulgados oficialmente nesta
sexta-feira (18), Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes.
Tipos de violência
No ano passado, as denúncias de abuso contra menores
representaram 84,7% do total recebido pelo serviço. Também foram registrados
relatos sobre violações contra idosos (8,7%), pessoas com deficiência (3,2%),
população LGBT (1,3%), população de rua (0,5%) e outros grupos, como
quilombolas e indígenas (1,7%).
As denúncias de violência contra crianças e adolescentes
dividiram-se em: negligência (40,88%), seguida da violência psicológica
(24,34%), violência física (21,67%) e sexual (11,53%). Esta última divide-se
em: abusos (70%) e exploração sexual (30%).
Nos dados divulgados de 2012, o percentual de denúncias apenas
sobre abuso sexual, aqueles ocorridos em sua maioria dentro de caso, aumentou
de 11,53% para 20% do total.
Por estado e região
São Paulo lidera o número de denúncias recebidas pelo Disque 100
sobre violência contra crianças e adolescentes em 2011, com um total de 10.496
ligações (12,8% do total). Em seguida, aparecem Bahia, com 9.395 denúncias
(11,4%), Rio de Janeiro, com 9.120 (11,1%), Minas Gerais, com 5.703 denúncias
(6,9%), e Maranhão, com 4.686 ligações (5,7%).
Os estados que menos registraram ligações em 2011 foram Roraima,
com 95 relatos (0,1%), Amapá, com 178 denúncias (0,2%), Acre, com 352 denúncias
(0,4%), Tocantins, que registrou 435 relatos (0,5%) e Sergipe, com 829
denúncias (1%).
Nos primeiros meses deste ano, São Paulo continua a liderar o
total de ligações, com 4.644 relatos, seguido pelo Rio de Janeiro com 4.521 e
Bahia com 3.634.
'Pacto do silêncio'
“Quanto mais se promovem ações de prevenção, maior número de
casos vão aparecer. As pessoas tomam consciência, criam coragem de denunciar”,
afirma Eduardo Pan, gestor do Polo de Prevenção à Violência da ONG Liga
Solidária, que faz atendimentos de famílias na Zona Oeste da capital paulista.
Segundo Pan, os dados do Disque 100 demonstram o que a ONG vem
observando na região. “A maior parte dos casos é de negligência. Os
adolescentes acabam indo para os abrigos porque vivem em condição subumana”,
explica.
“E é onde começa a acontecer o abuso. A maioria é o pai,
padrasto, tio. As mães até percebem o que está acontecendo, mas não têm força
para falar do próprio companheiro. E o adulto ele ameaça a criança, que fica
completamente à mercê”, completa.
Em 2010, o total de atendimentos da ONG por violência sexual
representava 7% dos casos atendidos. Em 2011, aumentou para 11%. "Isso
mostra que estamos quebrando esse pacto do silêncio. O que a gente espera é que
a criança e o adolescente consiga sair dessa situação, devolver a dignidade.”
A região Sudeste foi responsável por 36,2% do total de registros
nos primeiros 4 meses deste ano, seguida do Nordeste com 34,7%, do Sul com
11,3%, do Centro-Oeste com 9% e do
Norte, com 8,8% do total de denúncias registradas no período.
Contando apenas o abuso e a exploração sexual, a Bahia foi o
estado que mais registrou denúncias nos dois casos: 962 contra abusos (12,54%
do total dos estados) e 250 sobre exploração sexual.
Ao todo, 1.585 municípios (há 5.561 no Brasil, segundo o IBGE)
entraram em contato com o Disque Direitos Humanos relatando violações de abuso
sexual. Os municípios com maior incidência foram: Salvador com 346 relatos,
Brasília com 269, São Paulo com 250 e o Rio de Janeiro com 236.
Incluindo apenas as denúncias de exploração sexual, 809
municípios acionaram Disque 100. Salvador lidera com 81 denúncias, Manaus com
67, Rio de Janeiro com 66 e São Paulo com 61.
24 horas
O Disque 100 é um serviço destinado a receber demandas relativas
a violações de Direitos Humanos, especialmente as que atingem grupos sociais
vulneráveis. O número funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive
domingos e feriados. A ligação é gratuita e atende ligações de todo o
território nacional.
As manifestações de violações de Direitos Humanos acolhidas pelo
Disque Direitos Humanos são examinadas e encaminhadas para os órgãos
responsáveis
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