quarta-feira, 29 de abril de 2015

HUMANIZA REDES

O que é

O Humaniza Redes – Pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na internet é uma iniciativa do Governo Federal de ocupar esse espaço usado, hoje, amplamente pelos brasileiros para garantir mais segurança na rede, principalmente para as crianças e adolescentes, e fazer o enfrentamento às violações de Direitos Humanos que acontecem online.

O movimento, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Ministério da Educação, Ministério das Comunicações e Ministério da Justiça será composto por três eixos de atuação: denúncia, prevenção e segurança, que garantirá aos usuários brasileiros, priorizando as crianças e adolescentes, uma internet livre de violações de Direitos Humanos.
De acordo com o art. 5º do Decreto nº 8.162/2013, ao Departamento de Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos compete, entre outras atribuições, receber, examinar e encaminhar denúncias e reclamações sobre violações de Direitos Humanos
Canal denúncias na Internet.
Quem analisa e vincula o link da internet em que ocorre a violação é o cidadão quando escolhe dentre as opções de conteúdos e nos direciona a denúncia.
Depois de feita a denúncia, a Ouvidoria analisa se o link denunciado corresponde ao conteúdo indicado e, se sim, encaminha aos órgãos competentes, conforme ordenamento jurídico brasileiro. Quem verifica se houve violação ou crime são os órgãos de proteção e responsabilização.
Canal de denúncias fora da Internet
O cidadão nos conta o que aconteceu, com que, onde e como ocorreu a violação, nós analisamos o conteúdo do ocorrido, indicamos as supostas violações e encaminhamos aos órgãos de proteção e responsabilização para que estes realizem a apuração e representação da denúncia, se houver indícios.
http://www.humanizaredes.gov.br/

sábado, 25 de abril de 2015

MINISTÉRIO PÚBLICO ABRE INQUÉRITO SOBRE 'SEXUALIZAÇÃO' DE MC MELODY

Exposição de funkeira de 8 anos é um dos alvos da investigação, que suspeita de 'violação ao direito ao respeito e à dignidade de crianças'.


O Ministério Público de São Paulo abriu nesta quinta-feira um inquérito para investigação sobre "forte conteúdo erótico e de apelos sexuais" em músicas e coreografias de crianças e adolescentes músicos.

A cantora de funk conhecida como MC Melody, de oito anos, é um dos alvos da investigação, que suspeita de "violação ao direito ao respeito e à dignidade de crianças/adolescentes". O caso está sendo investigado pela Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude da Capital.

Segundo uma das representações publicadas no inquérito, Mc Melody "canta músicas obscenas, com alto teor sexual e faz poses extremamente sensuais, bem como trabalha como vocalista musical em carreira solo, dirigida por seu genitor".

Além dela, músicas e videoclipes de outros funkeiros-mirins como MCs Princesa e Plebéia, MC 2K, Mc Bin Laden, Mc Brinquedo e Mc Pikachu também são alvo da investigação do Ministério Público paulista.

A promotoria chama atenção para o "impacto nocivo no desenvolvimento do público infantil e de adolescentes, tanto de quem se exibe quanto daqueles que o acessam".

Petição

O inquérito, aberto pelo promotor Eduardo Dias de Souza Ferreira, é resultado de denúncias e representações encaminhadas pela Ouvidoria do Ministério Público e por cidadãos que pedem avaliação legal sobre a exposição dos funkeiros mirins.

O caso da MC Melody, que chegou a ser o assunto mais procurado por brasileiros no Google nesta quinta-feira (com mais de 50 mil buscas), gerou uma petição no site Avaaz que pede "intervenção e investigação de tutela" ao Conselho Tutelar de São Paulo.

O abaixo assinado alcançou mais de 23 mil assinaturas em quatro dias. A menina já chegou a ter seu perfil retirado do Facebook após denúncias de internautas sobre "sexualização" - ela aparece em fotos com roupas curtas e decotadas, dançando em bailes funks e em vídeos caseiros.

No YouTube, dezenas de publicações feitas por anônimos criticam a exposição da menina - cujos vídeos acumulam centenas de milhares de visualizações no portal.

O pai de MC Melody - o também funkeiro MC Betinho - também é citado pelo inquérito do Ministério Público, que afirma ser "dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”, conforme dispõe o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente".

A reportagem tentou contato com MC Betinho por telefone, mas não obteve sucesso. Em entrevistas anteriores, o pai de MC Melody se defende argumentando que existiria uma “perseguição ao funk” e que “não obriga sua filha a fazer nada”.
"Ela canta e dança assim porque gosta", disse MC Betinho. "Entendemos quem não gostou ou ficou ofendido e estamos mudando a nossa postura por isso."

FONTE:G1 – O GLOBO

http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/04/ministerio-publico-abre-inquerito-sobre-sexualizacao-de-mc-melody.html

quinta-feira, 23 de abril de 2015

CERCA DE 800 DOCENTES SÃO PROCESSADOS POR AGRESSÃO SEXUAL

Crimes foram registrados em vários estados americanos em 2014; quase um terço dos acusados são do sexo feminino




Cerca de 800 docentes foram processados por agressão sexual nos Estados Unidos em 2014, de acordo com levantamento feito por uma concultoria americana. O ex-chefe de gabinete do Departamento de Educação dos EUA, Terry Abbott, que acompanhou de perto a realização da pesquisa, aponta que quase um terço desses funcionários são do sexo feminino, segundo informações da agência de notícias Reuters.

E tudo aponta que esse número deve ser superado em 2015. Em janeiro deste ano, 26 docentes foram acusadas de manter relacionamentos inapropriados com estudantes do sexo masculino, índice maior do que o registrado em janeiro do ano passado, quando houve 19 acusações.

Acredita-se que as educadoras que abusam sexualmente de seus alunos estão sendo punidas mais duramente, em parte, porque há mais mulheres policiais. 


FONTE: TERRA

http://noticias.terra.com.br/mundo/estados-unidos/cerca-de-800-docentes-sao-processados-por-agressao-sexual-nos-eua,b9d6401c63f159a2f5cb2233c61c649dwj68RCRD.html



terça-feira, 14 de abril de 2015

PROFESSOR: COMO AGIR DIANTE DE UM POSSÍVEL CASO DE ABUSO SEXUAL

Atenção, professores, vocês sabem como agir diante de um possível caso de abuso sexual contra os seus alunos? Saiba o que fazer e compartilhe com os seus colegas de profissão:



Para a educadora italiana Rita Ippolito, há quase duas décadas no Brasil e organizadora do Guia Escolar: Métodos para identificação de sinais de abuso e a exploração sexual em crianças e adolescentes (2003), uma publicação conjunta da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e do Ministério da Educação, a prática da cidadania passa pela escola; os professores e educadores são os protagonistas desse processo, que envolve o respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a garantia dos direitos de seus alunos. Assim, é possível que, em algum momento, o educador se depare com uma criança em situação de abuso sexual. O que fazer? A seguir, algumas breves orientações.

Suspeita – “Se o professor tem uma suspeita, é importante que ele fale com o aluno”, afirma Rita. “O primeiro interlocutor fundamental é a criança e, para isso, o educador precisa conquistar sua confiança. Afinal, se o menino ou a menina sofreu de fato um abuso, pode considerar aquele adulto também como um inimigo.”

Relato – “Uma vez que a criança deposite a confiança naquele adulto, vai contar o que está acontecendo com ela”, diz Rita. É importante que a conversa aconteça num ambiente tranquilo e seguro, sem interferência de outras pessoas. O professor deve se manter calmo, sem reações extremadas, para não influenciar o relato do aluno. “Se for necessário, deve pedir ajuda à direção da escola, sempre com discrição.”

Família – “É preciso entrar em contato com a família; mas, antes, o professor precisa ouvir da criança quais são as pessoas que ela aprova como interlocutores.”

Notificação – “Não difundir a história e agir com muita discrição, porque é um caso extremamente delicado. Também é necessário compreender exatamente o que está acontecendo com a criança”, diz Rita. “No momento em que tiver todos os indícios de que se trata mesmo de abuso, o educador deve avisar a família e notificar o Conselho Tutelar.”

Cuidado com a criança – “A criança é prioridade em toda essa história. É a parte mais vulnerável, pois passa a sentir culpa e pressão por parte da família” afirma Rita. “Muitas vezes, alguns familiares minimizam a violência à criança como se fosse um problema menor. Por exemplo: ora, como acusar o chefe da família de abuso? Por isso, a escuta, o acolhimento e a proteção do professor àquele aluno se torna muito importante. A criança se sente mais segura, se há alguém que conhece todas as minúcias de sua situação.”

Reinserção na escola – De acordo com Rita, caso a situação não tenha sido tão traumática, é possível trabalhar um programa de redução de danos para aquela criança abusada. “O histórico de abuso deve ser mantido em sigilo. É essencial respeitar a privacidade da criança. Além disso, o professor deve trabalhar a solidariedade, o respeito mútuo, compreender o tempo interno dessa criança e fazer com que ela não seja discriminada nem isolada, sendo capaz de continuar na escola e interagir normalmente com as outras crianças.”

Instituição – “O professor também precisa de suporte. Às vezes, sozinho não consegue fazer um acompanhamento adequado. Por isso, a instituição deve apoiá-lo e motivá-lo. A formação dos profissionais também se faz fundamental: saber lidar com situações de violência sexual e como atuar, a quem notificar, além de compreender o que é infância no século 21, o que diz o ECA, quais as condições sociais de seus alunos, como são suas famílias e o que fazer para garantir os direitos dessas crianças dentro da escola.”

Prevenção – Segundo Rita, é importante que as crianças e os adolescentes se conscientizem da própria sexualidade, conforme as características de cada faixa etária, e trabalhem a capacidade de falar de situações de perigo e de dizer ‘não’. “Com a orientação recebida na escola, a criança pode perceber se está sendo abusada e como ela é possível se defender”, conta. “A sexualidade precisa deixar de ser aquele monstro, aquela coisa terrível, e se tornar tema de diálogo, um assunto conversado dentro da escola de forma natural.”

http://www.childhood.org.br/professor-como-agir-diante-de-um-possivel-caso-de-abuso-sexual

segunda-feira, 13 de abril de 2015

‘TENTO PERDOAR’, DIZ MULHER QUE TEVE SEIS FILHOS COM O PRÓPRIO PAI NO AC

Há quase três anos, Júlia Pinheiro das Chagas, de 31 anos, foi resgatada pela polícia na comunidade Lago dos Paus, no Rio Gregório (AM). Atualmente ela mora em uma casa alugada com seis filhos, frutos de uma relação incestuosa que manteve por anos com o seu pai, João das Chagas Ribeiro Mourão, de 66 anos. Há dois, ele cumpre a sentença no regime fechado no presídio Manoel Neri, em Cruzeiro do Sul, distante 648 quilômetros da capital acreana. As marcas do passado ainda fazem Júlia chorar.

A dona de casa conta que vive com a ajuda de Aluguel Social, oferecido pela prefeitura da cidade, que abriga ela e os seis filhos. Tímida e com o vocabulário restrito, Júlia relembra a vida que tinha ao lado do pai. “Eu engravidei oito vezes, mas os dois mais velhos morreram. Eu não sabia que era errado, não entendia nada disso. Só percebi que tinha algum problema quando meus filhos começaram a ter deficiência, sabia que eles não eram normais”, conta.
Das seis crianças, a que apresenta o estado mais crítico é o filho de 6 anos. Ele não anda devido à uma deficiência motora e também apresenta uma espécie de descamação na pele. Outra filha, uma garotinha de 11 anos, também apresenta dificuldades de relacionamento.
“Têm dias que a minha filha passa o dia sem comer, não fala com a gente. Fica pelos cantos, acho que ela tem uma lembrança bem forte de tudo que aconteceu”. Durante a entrevista, a menina não chega a comentar nada. Após conversa com a mãe, ela confessa que não gosta de ir nem mesmo à escola por conta das muitas pessoas que têm que enfrentar. Sobre as lembranças do que viveu com seu pai/avô, ela prefere o silêncio.
Questionada se um dia pretende reencontrar o pai, Júlia diz que tenta aos poucos perdoar o que João fez com ela e com as crianças. “Eu penso em procurá-lo para que ele possa ver as crianças, porque quando ele foi preso, nossos filhos eram todos bem pequenos. Tive muita raiva dele, mas agora estou tentando esquecer. Posso até perdoar, porque quem quer o perdão, perdoa. Mas, às vezes que é difícil falar”, diz emocionada.
A dona de casa relembra que quando vivia com o pai não tinha contato com ninguém, pois João a fazia guardar segredo sobre a vida a dois. “Eu não ia à cidade e ele pedia muito que eu não contasse para ninguém que ele era meu pai”, conta.
Ao G1, a mulher diz que tenta não conversar com os filhos sobre o que aconteceu e acredita que os meninos não sintam saudades do pai que, segundo ela, batia tanto em Júlia como nas crianças. No dia do resgate, em 2012, ela recorda nitidamente como a polícia chegou.
“A gente estava cuidando da farinha e eu estava dentro de casa porque ele tinha acabado de me bater, ele batia muito a minha cabeça na parede da casa”, alega. Ao lado dos seis filhos, Júlia não contém as lágrimas ao ver a foto do pai dentro da cadeia. À reportagem, ela diz que o choro é de raiva e mágoa de tudo o que aconteceu, mas ela repete entre lágrimas que perdoaria João.
Desde o acontecido, Júlia diz que não tem mais contato com a mãe e nem sabe se ela está viva. Segundo ela, a mulher mora em uma comunidade às margens do Rio Tarauacá.
O G1 também tentou encontrar informações sobre a mãe de Júlia, mas foi informado pela Delegacia da Mulher, que presidiu o inquérito que o endereço da mãe de Júlia está registrado como indeterminado.
‘Ela não é minha filha’
Aos 66 anos, João está há quase 3 dentro do presídio. Durante este período, nenhuma visita ao acusado foi registrada. Por meio de uma autorização da justiça, o G1 entrou no presídio Manoel Neri e ouviu a versão do produtor rural que viveu com a filha entre os anos de 2002 a 2012. Em sua defesa, ele afirma que Júlia não é sua filha de sangue. No entanto, não pediu exame de DNA para provar o que diz. Na certidão de nascimento de Júlia, não há informações sobre a mãe, apenas dados de João.
“Eu nasci e me criei na mata, não sabia o que era crime e nem justiça. Eu só vi que tinha errado depois que a polícia bateu nas minhas terras e agora pago pelos meus erros. Mas, ela não é minha filha de sangue, eu que criei, mas a mãe dela me disse que o pai da Júlia é um homem que mora em outra cidade”, defende-se.
Mesmo com a alegação, ele diz que não há documentos que provem que não existe essa ligação sanguínea. Ele apenas confia na palavra da mulher em que era casado. Sobre as agressões contra os filhos e Júlia, ele nega. “Esse crime eu não tenho. Quero que Deus mande um castigo para as minhas mãos caírem se algum dia eu bati em uma daquelas crianças ou nela”, diz.
Hoje, cumprindo uma sentença de 22 anos de prisão, João se diz arrependido. “Já chorei, chorei mesmo. Queria ver meus filhos. Desde que fui preso, não tive nenhum contato com eles”, desabafa.
O relacionamento
João conta que passou a se interessar pela filha quando ela tinha 20 anos. Porém, ele alega que os anos vividos com a filha foram com o consentimento dela. “A culpa que eu tenho, ela tem também. Porque ela saía da rede dela para ir para a minha. Eu nunca fui atrás dela, tanto que na primeira vez que ela foi na minha rede, eu não quis fazer nada, mas na segunda, eu fiz o serviço”, alega.
Nesse período, ele diz que já estava separado de sua mulher e morava com um filho nas terras no seringal Bacurim, no Amazonas. Sobre a relação com seus filhos/netos, ele conta que sempre os tratou bem. “Não deixava faltar alimento, quero bem meus filhos”, destaca.
João também alega que não sabia que era errado viver maritalmente com a própria filha e ressalta ainda que casos assim eram comuns.
Há quase três anos, Júlia Pinheiro das Chagas, de 31 anos, foi resgatada pela polícia na comunidade Lago dos Paus, no Rio Gregório (AM). Atualmente ela mora em uma casa alugada com seis filhos, frutos de uma relação incestuosa que manteve por anos com o seu pai, João das Chagas Ribeiro Mourão, de 66 anos. Há dois, ele cumpre a sentença no regime fechado no presídio Manoel Neri, em Cruzeiro do Sul, distante 648 quilômetros da capital acreana. As marcas do passado ainda fazem Júlia chorar.
A dona de casa conta que vive com a ajuda de Aluguel Social, oferecido pela prefeitura da cidade, que abriga ela e os seis filhos. Tímida e com o vocabulário restrito, Júlia relembra a vida que tinha ao lado do pai. “Eu engravidei oito vezes, mas os dois mais velhos morreram. Eu não sabia que era errado, não entendia nada disso. Só percebi que tinha algum problema quando meus filhos começaram a ter deficiência, sabia que eles não eram normais”, conta.
Das seis crianças, a que apresenta o estado mais crítico é o filho de 6 anos. Ele não anda devido à uma deficiência motora e também apresenta uma espécie de descamação na pele. Outra filha, uma garotinha de 11 anos, também apresenta dificuldades de relacionamento.
“Têm dias que a minha filha passa o dia sem comer, não fala com a gente. Fica pelos cantos, acho que ela tem uma lembrança bem forte de tudo que aconteceu”. Durante a entrevista, a menina não chega a comentar nada. Após conversa com a mãe, ela confessa que não gosta de ir nem mesmo à escola por conta das muitas pessoas que têm que enfrentar. Sobre as lembranças do que viveu com seu pai/avô, ela prefere o silêncio.
Questionada se um dia pretende reencontrar o pai, Júlia diz que tenta aos poucos perdoar o que João fez com ela e com as crianças. “Eu penso em procurá-lo para que ele possa ver as crianças, porque quando ele foi preso, nossos filhos eram todos bem pequenos. Tive muita raiva dele, mas agora estou tentando esquecer. Posso até perdoar, porque quem quer o perdão, perdoa. Mas, às vezes que é difícil falar”, diz emocionada.
A dona de casa relembra que quando vivia com o pai não tinha contato com ninguém, pois João a fazia guardar segredo sobre a vida a dois. “Eu não ia à cidade e ele pedia muito que eu não contasse para ninguém que ele era meu pai”, conta.
Ao G1, a mulher diz que tenta não conversar com os filhos sobre o que aconteceu e acredita que os meninos não sintam saudades do pai que, segundo ela, batia tanto em Júlia como nas crianças. No dia do resgate, em 2012, ela recorda nitidamente como a polícia chegou.
“A gente estava cuidando da farinha e eu estava dentro de casa porque ele tinha acabado de me bater, ele batia muito a minha cabeça na parede da casa”, alega. Ao lado dos seis filhos, Júlia não contém as lágrimas ao ver a foto do pai dentro da cadeia. À reportagem, ela diz que o choro é de raiva e mágoa de tudo o que aconteceu, mas ela repete entre lágrimas que perdoaria João.
Desde o acontecido, Júlia diz que não tem mais contato com a mãe e nem sabe se ela está viva. Segundo ela, a mulher mora em uma comunidade às margens do Rio Tarauacá.
O G1 também tentou encontrar informações sobre a mãe de Júlia, mas foi informado pela Delegacia da Mulher, que presidiu o inquérito que o endereço da mãe de Júlia está registrado como indeterminado.
‘Ela não é minha filha’

Aos 66 anos, João está há quase 3 dentro do presídio. Durante este período, nenhuma visita ao acusado foi registrada. Por meio de uma autorização da justiça, o G1 entrou no presídio Manoel Neri e ouviu a versão do produtor rural que viveu com a filha entre os anos de 2002 a 2012. Em sua defesa, ele afirma que Júlia não é sua filha de sangue. No entanto, não pediu exame de DNA para provar o que diz. Na certidão de nascimento de Júlia, não há informações sobre a mãe, apenas dados de João.
“Eu nasci e me criei na mata, não sabia o que era crime e nem justiça. Eu só vi que tinha errado depois que a polícia bateu nas minhas terras e agora pago pelos meus erros. Mas, ela não é minha filha de sangue, eu que criei, mas a mãe dela me disse que o pai da Júlia é um homem que mora em outra cidade”, defende-se.
Mesmo com a alegação, ele diz que não há documentos que provem que não existe essa ligação sanguínea. Ele apenas confia na palavra da mulher em que era casado. Sobre as agressões contra os filhos e Júlia, ele nega. “Esse crime eu não tenho. Quero que Deus mande um castigo para as minhas mãos caírem se algum dia eu bati em uma daquelas crianças ou nela”, diz.
Hoje, cumprindo uma sentença de 22 anos de prisão, João se diz arrependido. “Já chorei, chorei mesmo. Queria ver meus filhos. Desde que fui preso, não tive nenhum contato com eles”, desabafa.
O relacionamento

João conta que passou a se interessar pela filha quando ela tinha 20 anos. Porém, ele alega que os anos vividos com a filha foram com o consentimento dela. “A culpa que eu tenho, ela tem também. Porque ela saía da rede dela para ir para a minha. Eu nunca fui atrás dela, tanto que na primeira vez que ela foi na minha rede, eu não quis fazer nada, mas na segunda, eu fiz o serviço”, alega.
Nesse período, ele diz que já estava separado de sua mulher e morava com um filho nas terras no seringal Bacurim, no Amazonas. Sobre a relação com seus filhos/netos, ele conta que sempre os tratou bem. “Não deixava faltar alimento, quero bem meus filhos”, destaca.
João também alega que não sabia que era errado viver maritalmente com a própria filha e ressalta ainda que casos assim eram comuns. “Onde eu morava, não era somente eu que cometia esses erros. Lá tem muita gente que vive com sobrinhas e filhas. Naquele seringal estava sendo muito comum”, garante.
Visitas
Sem receber nenhuma visita, João diz que sofre com o abandono dos outros filhos. “Fica difícil, porque eu sou uma pessoa doente e não tem quem me ajude, quem pode me ajudar são meus filhos, mas eles não vêm me visitar”, lamenta.
Para cumprir pena no regime semiaberto, João precisa ficar oito anos e oito meses no fechado. Ao ser questionado se ele acredita que sairá com vida da cadeia, ele é categórico. “Está nas mãos de Deus. Eu pretendo, se eu sair, voltar para as minhas terras, lá ficou tudo abandonado”.
A condenação de João reúne estupro, atentado ao pudor, sequestro, constrangimento à mulher e crimes contra a assistência familiar, configurado pelo abandono intelectual. Ele está preso desde o dia 13 de julho de 2012, mesmo mês que Júlia foi resgatada na comunidade do Rio Gregório.
Antes de voltar para a cela, a equipe mostra fotos dos filhos de João, que chora compulsivamente por alguns minutos. Entre lágrimas ele diz: “é difícil, gostaria muito de ver meus filhos”, finaliza.
Fonte: G1




domingo, 12 de abril de 2015

MENINAS DE 10 A 14 ANOS DE COMUNIDADE QUILOMBOLA KALUNGA SÃO VÍTIMAS DE ESCRAVIDÃO SEXUAL EM GOIÁS

Pelo menos oito inquéritos concluídos, só em 2015, pela Polícia Civil goiana denunciam o uso de meninas kalungas como escravas sexuais. As vítimas, entre 10 e 14 anos, têm como algozes homens brancos e poderosos de Cavalcante.


Cavalcante (GO) — Meninas descendentes de escravos nascidas em comunidades kalungas da Chapada dos Veadeiros protagonizam as mesmas histórias de horror e barbárie dos antepassados, levados à força para trabalhar nas fazendas da região nos séculos 18 e 19. Sem o ensino médio e sem qualquer possibilidade de emprego além do trabalho braçal em terras improdutivas nos povoados onde nasceram, elas são entregues pelos pais a moradores de Cavalcante. Na cidade de 10 mil habitantes, no nordeste de Goiás, a 310km de Brasília, a maioria trabalha como empregada doméstica em casa de família de classe média. Em troca, ganha apenas comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. Para piorar, fica exposta a todo tipo de violência. A mais grave, o estupro, geralmente cometido pelos patrões, homens brancos e com poder econômico e político.

As vítimas têm entre 10 e 14 anos. Os autores, de profissionais liberais a políticos, de 20 a 70. Por enquanto, eles continuam impunes. No entanto, a história começou a mudar em dezembro, quando a direção da Polícia Civil goiana decidiu trocar todo o efetivo da delegacia local. Mesmo sem estrutura e gente suficiente, os novos investigadores, vindos de outras cidades e assustados com tantos casos de estupro de vulnerável — em que a vítima tem menos de 14 anos — engavetados, decidiram dar prioridade a esse tipo de ocorrência. Desde então, concluíram oito inquéritos. O mais recente tem como indiciado o vice-presidente da Câmara Municipal, Jorge Cheim (PSD), 62 anos. Há duas semanas, um laudo comprovou o estupro da menina kalunga de 12 anos que morava na casa dele.

Sem respostas
O delegado Diogo Luiz Barreira pediu a prisão preventiva de Cheim, que, além de vereador por três mandatos, é ex-prefeito de Cavalcante e marido da atual vice-prefeita do município, Maria Celeste Cavalcante Alves (PSD). O pedido e o inquérito contra ele estão com a única promotora de Justiça de Cavalcante, Úrsula Catarina Fernandes Siqueira Pinto. Respondendo pela comarca do município há 18 anos, ela é casada com um primo de Cheim. A amigos e policiais da cidade, ela disse que deve se declarar suspeita na fase de ação judicial. A Corregedoria-Geral do Ministério Público de Goiás (MPGO) analisa reclamação autuada no mês passado contra o trabalho dela. Na denúncia, moradores reclamam de supostas lentidão e falta de resposta às denúncias de crimes cometidos na cidade.

A promotora, que atende ao público só às quintas-feiras, não foi encontrada para entrevista nem retornou os recados deixados pela reportagem do Correio, que esteve em Cavalcante terça e quarta-feira. Em depoimento, Cheim negou o crime. Alegou ter levado a vítima para morar na casa dele devido às dificuldades financeiras da família da menina, moradora de um povoado quilombola distante 100km da sede do município. Sobre a falta de autorização judicial para cuidar da criança, ressaltou que a promotora sabia de tudo.

A equipe do Correio foi à casa do acusado, na terça-feira. Dois homens, um deles filho do vereador, receberam a reportagem na porta. Disseram que o vereador estava na fazenda dele, mas faria questão de dar entrevista. Garantiram que ele seria encontrado na sessão da Câmara, na noite de terça. Cheim faltou à reunião, não foi visto mais na cidade nem retornou às ligações do jornal.

Por Renato Alves, em EM

Destaque: Crianças Kalunga na Chapada dos Veadeiros. Foto: Agência Brasil

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

FONTE: COMBATE RACISMO AMBIENTAL
http://racismoambiental.net.br/2015/04/12/meninas-de-10-a-14-anos-de-comunidade-quilombola-kalunga-sao-vitimas-de-escravidao-sexual-em-goias/




quinta-feira, 9 de abril de 2015

O QUE A CRIANÇA PRECISA SABER SOBRE SEU CORPO E SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL?


Lembrando que a educação sexual deve fazer parte do cotidiano do lar e da escola no processo de prevenção, a criança precisa construir alguns conceitos básicos de proteção. Você pode se orientar por 5 ideias simples. Ela deverá ser capaz de:
·        Entender que tem controle e é dona do seu próprio corpo.
·        Compreender que tem o direito de recusar toques e carinhos, por mais inocentes que estes sejam.
·        Saber nomear todas as partes do corpo, incluindo as partes íntimas, seja pelo nome científico ou pelos apelidos familiares.
·        Diferenciar TOQUE DO SIM e TOQUE DO NÃO (ver livro), levando em conta as circunstâncias de necessidade de cuidados de saúde e higiene.
·        Identificar pessoas de confiança de sua convivência ou fora dela, caso precise de ajuda em situações de abuso sexual.

O que fazer se eu suspeitar que a criança sofreu violência sexual?
Em caso de suspeita, você pode procurar a ajuda de um profissional capacitado (psicólogo, médico, assistente social), do Conselho Tutelar da sua cidade ou da delegacia. Lembre-se que a denúncia ou notificação deve ser feita em caso de SUSPEITA. A investigação e/ou confirmação não é realizada pelos pais ou educadores, devendo os órgãos responsáveis se ocuparem disso.
Se a criança contar para você, procure ouvi-la. Tente mostrar um semblante acolhedor e enfatize que você acredita na criança, deixando bem claro que ela não é culpada por qualquer coisa que tenha sido obrigada ou tenha aceitado fazer.
Em seguida, você pode procurar ajuda nas seguintes instâncias:
·        Conselho Tutelar da sua cidade
·        Disque 100
·        Ministério Público - Disque 127
·        Delegacia da Infância e Adolescência da sua cidade


FONTE: PIPO E FIFI

http://www.pipoefifi.org.br/proteja.html

VIOLÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA


A dica de hoje é muito importante: Pipo e Fifi – Fanpage é uma ferramenta para ensinar crianças a partir de 4 anos conceitos básicos sobre o corpo, sentimentos, convivência e trocas afetivas.

Acesse o site e faça o download do livro (gratuito), para quem não tinha ideia sobre como abordar esse assunto com o(a)s filho(a)s, o livro tem uma linguagem muito simples e efetiva.

No site tem mais informações e bastante material para download. Compartilhe!


segunda-feira, 6 de abril de 2015

MAIS UMA DESSE INSANO PAULO GHIRALDELLI - “SEXO COM CRIANÇAS É BOM”

ALGUÉM PRECISA PARAR ESSE CARA. ELE PRECISA SER PRESO!



“SEXO COM CRIANÇAS É BOM”
Published on 24/04/2014 by Paulo Ghiraldelli
As crianças adoram imitar símbolos sexuais e pessoas que cantam utilizando o que alguns chamam de pornografia. As crianças possuem desejo sexual e possuem prazer libidinal desde a mais tenra idade. No entanto, quando elas mostram o seu gosto por uma cantora que remexe a bunda loucamente ou por uma bandinha que fala palavrão ou faz gestos obscenos, elas estão muito longe do sexo. O sexo entra aí por obra dos pais e moralistas de plantão (moralistas não no sentido filosófico). Eles e somente eles, esses adultos, fazem a correlação inexistente.
O mundo sexual das crianças existe, não é vazio. Freud disse isso e essa lição só não foi aprendida por quem mora em um buraco de tatu ou tem o cérebro igual ao de uma minhoca. Mas o mundo sexual da criança é um mundo que não corresponde ao que o adulto entende como sexo. A criança brinca e a brincadeira tem como barro o exagero da imaginação. Quando ela vê o comportamento corporal diferente, que o adulto toma com dança sensual ou, para alguns, obscena, ou quando ela vê a linguagem alusiva ao sexo, que o adulto pode chamar de palavrão, ela, a criança, logo percebe que estão aí armas que desarmam o adulto. Ela nota que são elementos que tiram o adulto da sua costumeira apatia. Ora, por que então não se aproveitar disso para também receber atenção?  E por que não rir disso, na hora que dá certo?
Em outras palavras: a arquitetura semântica da criança não é a do adulto.
Carla Perez e os Mamonas foram ícones infantis dos anos noventa, como agora pode uma Valesca Popozuda fazer sucesso. Xuxa e Carla Perez foram bonecas de brinquedo para crianças. Valesca Popuzuda e Anita são bonecas para as crianças. Renato Aragão cansou de fazer gestos obscenos no horário nobre da Globo e ser imitado por crianças. Com isso, esteve junto com Xuxa durante anos no cinema, fazendo filme para crianças. Se a arquitetura semântica infantil é algo particular, também suas telas de janela, para a proteção de insetos, são especiais.  A criança filtra com seus filtros.
Lembro que a Marta Suplicy esteve em um “Roda Viva” da TV Cultura, nos anos oitenta, para dizer que Xuxa sexualizava a vida infantil, e que uma tal precocidade iria trazer problemas para todas as crianças, justamente os que hoje são os adultos mais jovens que eu. Minha filha e minha esposa foram criadas vendo Xuxa. Não creio que Xuxa fez mal a elas. O que Xuxa fez de sexo com Pelé e Airton Sena não tinha nada a ver com Xuxa rebolando na TV. Pelé e Airton Sena não estavam com Xuxa “de brincadeira”, mas minha esposa e minha filha estavam. Marta Suplicy era sexóloga nesse tempo! Meu Deus! Que sorte que isso passou!
Mas, ainda hoje, de vez em quando, surgem por aí os que querem repetir Marta na sua fase pudica, feminista e ligada aos inícios do politicamente correto. Ela própria abandonou tudo isso. A juventude abandonou tudo isso. Mas a linguagem que temos hoje ainda não espelha uma boa semântica da vida atual. Somos mais livres sexualmente, bem mais, mas nossa linguagem ainda está presa a cânones de um moralismo anterior ao dos anos oitenta. Fazemos uma coisa, mas a descrevemos de modo diferente, às vezes até para nós mesmos. Então, não raro, algumas pessoas que olham o sexo e as crianças, ou o sexo e a juventude, hoje, enganadas pela linguagem, se deixam levar por essa defasagem semântica e acabam prevendo práticas e crimes que não ocorrem.
Notamos isso no combate hoje exagerado ao que chamam por aí, erradamente, de “pedofilia”. A violência contra a criança é tomada como sexual, e o que às vezes nem abuso é, acaba pode se denominado de “pedofilia”, palavra que na letra da lei não expressa crime, mas que é tomada como crime e pecado pelos adultos pouco reflexivos. A culpa de tudo isso? Para as vozes da ignorância que predominam hoje em dia na mídia, muita coisa vem de algo parecido com o que Marta Suplicy dizia no passado: sexualização precoce. Vem também, para essas mesmas pessoas, do que ela não dizia, mas que é dito pelos pastores ridículos atuais: a taradização do mundo. Nunca houve tantos tarados como há hoje, dizem. Uma bobagem em termos de estatísticas. Todo adulto que encosta a mão em uma criança hoje é “pedófilo”! E isso só tende a ser retroalimentado. Claro! Hoje, pela lei, nem a professora pode segurar uma criança em uma briga ou limpá-la quando ela vai ao banheiro. Pois o corpo da criança ficou intocável de um modo irracional. Assim, qualquer toque é algo do “abuso sexual”, algo do “pedófilo”, não mais da necessidade pedagógica e do cuidado.
De um lado, as crianças são protegidas de algo que elas não sabem o que é, pois elas não olham para o sexo como problema – e não é mesmo! Por outro lado, os adultos são postos todos como criminosos, porque a linguagem sobre a infância, o corpo e o sexo tem ido por um caminho errado, de moralismo barato e de completa falta de reflexão menos carola. O resultado disso é uma esquizofrenia total da sociedade. O sexo deixa de ser prazer e pecado e se torna crime. É o pior dos mundos.
Esse mundo que vivemos tem de acabar. Uma revolução na linguagem, capaz de incorporar o que já é feito na nossa prática comportamental, é necessária. Psicólogas pudicas, pastores hipócritas e colunistas que ligam sexo à posição política, não sabem de nada. Como não querem aprender, deveriam ficar calados.
Da minha parte, ou seja, da parte do filósofo que não é celibatário nem pudico e muito menos um boboca ou um babaca, o esforço é no sentido de conversarmos sobre nossas práticas comportamentais, inclusive a do sexo, sem que tenhamos de dar voltas e mais voltas, sem que tenhamos que mentir demais. A mentira em exagero cria uma verdade. Essa verdade não ajuda em nada, não vamos ser mais felizes por causa dela.
Paulo Ghiraldelli, 56, filósofo, autor de A filosofia como crítica da cultura (Cortez).

http://ghiraldelli.pro.br/sexocomcrianca/




DESDE OS ANOS 80, MÚSICA “CAMILA, CAMILA” ALERTA SOBRE A VIOLÊNCIA SEXUAL


Quando ainda pouco ou nada se falava sobre abuso sexual de crianças e adolescentes no Brasil, a banda Nenhum de Nós ousou abordar o tema na década de 80 com a música “Camila, Camila“, hoje um clássico do rock nacional. O vocalista e autor da letra, Thedy Corrêa, conta como sentiu a necessidade de falar sobre o delicado assunto. Ele também lamenta que muitas músicas brasileiras ainda estimulem o sexismo e deturpem a imagem da mulher, quando deveriam conscientizar contra a violência sexual. Acompanhe a entrevista com o compositor:
O Dia Nacional de Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes (18 de maio), foi criado há 12 anos, devido a um crime bárbaro com uma menina de oito anos, estuprada e morta carbonizada. Quinze anos antes, com a música Camila,Camila, sua banda já abordava o problema da violência sexual contra jovens. Existem muitas outras Camilas no país que guardam “lembranças do silêncio”‘ e “vergonha do espelho”. Você já pensava nisso na época?
Até hoje, a música é muito ouvida. Quando você compôs a letra, já passava pela sua cabeça que poderia ser um alerta para as adolescentes?

Quando escrevemos Camila, jamais esperávamos que fosse fazer tamanho sucesso – até mesmo pela temática complicada. Quando ela estourou, a questão se tornou uma constante em nossas entrevistas, e isso foi fantástico para que se abordasse o tema entre o público jovem.
Por que você acha que a música fez tanto sucesso?

Acredito se deva justamente à abordagem de um assunto que, infelizmente, ainda aflige a sociedade e as mulheres em geral. Não se trata de um tema ligado a um modismo ou uma linguagem datada. O assunto continua atual.
Você pensava na época em abordar temas delicados como o abuso sexual ou a exploração sexual de crianças e adolescentes e o que acha que mudou dos anos 80 para cá em relação ao assunto?

Sempre pensamos em fazer canções que tivessem um conteúdo contestatório. Colocar questões que fizessem parte das “feridas” da sociedade. A violência sexual era pior nos anos 80, porque não era tão debatida quanto hoje. Existe maior consciência por parte da sociedade e mecanismos de proteção que são fruto desta discussão.
Em sua opinião, as meninas hoje estão mais conscientes do problema?

Estão um pouco mais, mas é triste constatar que a música brasileira de hoje não ajuda. Uma pesquisa feita pela MTV há uns anos mostra que apenas Camila tratava desse tema. De resto, assistimos estarrecidos ao avanço de estilos e temáticas que pouco têm ajudado na conscientização do problema. Basta ver gente achando graça quando algum funk se refere às garotas como cachorras, ou algum sertanejo fala em um amor que beira à violência. Isso é um retrocesso. Triste, mas é verdade…
Essa canção foi inspirada em fatos reais, envolvendo uma jovem que nós conhecíamos na época, em 1985. Era uma colega de escola bastante bonita com um namorado violento. Ficávamos intrigados com os motivos que levavam uma garota assim a se submeter e ser maltratada por um rapaz tão estúpido. Ouvimos algumas histórias de situações constrangedoras que ela sofreu e essa foi nossa “faísca criadora” para uma canção que falasse da violência contra a mulher. Por isso os “olhos insanos”, a “vergonha do espelho naquelas marcas”, além da tristeza e indignação na melodia. Hoje, ela vive super bem, tem uma linda família e está bem longe desse antigo namorado… Ainda bem!
FONTE: SEMAS CASTANHAL