Em 10 anos, triplicou o número de atendimentos a crianças vítimas de abuso sexual em São Paulo, de acordo com o levantamento da Secretaria de Estado da Saúde no hospital estadual Pérola Byington (SP). A notícia, que assusta (e muito!) a princípio, não é tão ruim quanto parece: esse aumento de consultas não significa que mais crianças estejam sendo vítimas de pedofilia, e sim que cada vez mais estão denunciando os casos de abuso.
“As pessoas estão mais
sensibilizadas, procurando ajuda, conversando. Há 10 anos, desconheciam o
serviço de auxílio às vítimas de abuso sexual”, diz Daniela Pedroso, psicóloga
do Núcleo de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington, que atende
gratuitamente, 24 horas por dia, as vítimas de pedófilos e suas famílias.
Segundo a especialista, parte disso se deve à propagação da informação sobre a
importância de denúncias, parte mostra a mudança na postura dos pais.
"Eles estão dando mais atenção ao que os filhos dizem hoje. Afinal, nem
tudo o que as crianças contam é fantasia", diz.
Manter um diálogo aberto,
aliás, é a chave para proteger os filhos. Explique, por exemplo, sem
assustá-las, em uma conversa descontraída, que o corpo é só delas, e não é
certo que outras pessoas toquem sem a permissão delas. Na infância, elas
ainda não têm maturidade para falar sobre sexo. Então, cabe a você encontrar a
melhor forma para abordar, aí na sua casa, um assunto tão delicado.
Nada como os pais para
perceber quando o comportamento do filho está completamente diferente do que o
costume. Fique atento a atitudes repentinas como: queda brusca de
desempenho escolar, medo de ficar exclusivamente com adultos, postura
agressiva, condutas regressivas (como fazer xixi na cama), sexualização
precoce, brincadeiras violentas com bonecas e maus-tratos a animais. Mas não se
assuste. “Esses sintomas, isolados, não significam necessariamente que seu
filho esteja sofrendo abuso sexual”, tranquiliza Daniela Pedroso. É somente um
alerta, que merece sua atenção.
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