Absurdamente,
a cada oito minutos, uma criança é abusada sexualmente no Brasil e, a cada 10
horas, uma criança é assassinada segundo a Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidência da República. Em seis anos, o Ministério da Saúde registrou 5.049 homicídios
de pessoas com até 14 anos. Infelizmente, esses crimes hediondos acontecem pelo
país afora e são diariamente estampados na mídia.
São crimes
revoltantes que causam repugnância por ofender valores morais e éticos, mas por
que ainda são tão comuns? Com certeza, faltam bons projetos de prevenção e
punição.
Brasília virou
o ano de 2011 sob o impacto de vários crimes bárbaros contra crianças
evidenciando total descaso do governo e de órgãos competentes. Um pedreiro foi
preso acusado de sequestrar, violentar e matar cruelmente uma menina de 9 anos
no domingo de Natal. Foragido da polícia de SP e de MG, esse criminoso fazia
vítimas indefesas.
Por que a Justiça tanto falha? A promotora de Justiça Maria
José Miranda disse que, tendo um sistema de cadastro unificado identificando os
foragidos do país, esse suposto estuprador poderia ter sido preso rapidamente.
Por que não existe esse cadastro? Um padre foi preso em Brasília acusado de
abusar sexualmente de seis crianças pobres, filhos de fiéis da igreja com idades
entre 5 e 14 anos. Foi preso deitado na cama ao lado de uma mulher nua. Delitos
de um padre dito "representante de Deus"? O celibato não implicaria
castidade? Um pastor também foi detido em Brasília acusado de vários crimes
sexuais infantis no mesmo período, assim como vários outros pais/parentes.
Outro pai foi
preso por abusar e engravidar a própria filha aos 11anos. Abusos que duraram
anos. Absurdamente, essa criança tem um filho do seu próprio pai. Terrível
trama, onde um tio também abusava da menina e foi preso. Como conceber
violações de direitos tão repugnantes e tão comuns? A Justiça brasileira
precisa agir com mais rigor em crimes de pedofilia. São crimes hediondos e
deixam graves cicatrizes físicas e psicológicas. Importante que
o governo e órgãos competentes ajam com rigor na prevenção (campanhas
competentes na mídia, especialmente TV, escolas e comunidades) e punições
exemplares. Aliado a isso, é fundamental que conteúdos eróticos e sexuais nas
programações televisivas e músicas apelativas sejam regulamentados.
Ai se eu te
pego é um bom conteúdo? Cantada e dançada até por pequenas crianças inocentes
assim como foi com Na boquinha da garrafa, cantada e dançada até em festinhas
infantis na década de 1990.
O que fazem os
órgãos de regulamentação de conteúdos abusivos e indutores de desvios sexuais
na mídia brasileira? Com certeza, esses abusos incentivam práticas sexuais
precoces e/ou comportamentos inadequados. Esses crimes, tragédias e abusos
parecem normais? Recentemente, assistimos a um estupro virtual no BBB? Esses
fatos merecem profunda reflexão e ações efetivas do governo. Coibir tantos
abusos é parte da prevenção, assim como punição rigorosa da Justiça.
Infelizmente, há uma banalização de desvios e certa complacência social.
Importante repensar nossos valores, prioridades e práticas sociais.
É hora de dar
um basta à crise moral, ética e de impunidade que vivemos e assumir nossa
condição de cidadãos comprometidos com um mundo mais civilizado, onde as
pessoas aprendam a respeitar os direitos dos outros como querem que os seus
sejam respeitados. Educar para o sexo, paternidade e maternidade com
responsabilidade é necessário. Independentemente da escolaridade e do nível
social, todo cidadão pode e deve assumir o seu compromisso social responsável
na coletividade fazendo melhor esse mundo.
Educação nas
famílias, nas escolas em todos os níveis de escolaridade e comunidades com
conteúdos em direitos humanos, cidadania, coletividade e civilidade devem ser
praticados. Civilidade, uma cultura pela paz e respeito aos direitos humanos
deve ser a meta. Muito importante também a atitude cidadã de vigilância
constante e de denunciar quaisquer violações de direitos dentro e fora de casa.
Somente dessa forma deixaremos de iniciar novos anos em pleno século 21 com
relatos de crimes tão cruéis.
Vivina
do C. Rios Balbino
Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do
Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil .
FONTE: O ESTADO DE MINAS
Ótimo texto!
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