Dados da Sesp apontam que são
quase dois casos a cada dois dias.
Conselheiro tutelar acredita que cresceu número de denúncias no estado.
Apenas
no primeiro semestre de 2013, foram registrados 872 casos contra crianças e
adolescentes em Roraima.
Destes, 143 são ocorrências contra a dignidade e liberdade sexual, que
correspondem a assédio sexual, estupro, tentativa de estupro, corrupção de
menores, favorecimento da prostituição e outros.
Os dados do Setor de Estatística e Análise Criminal
(Seac) da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) apontam que, somente
nos primeiros seis meses do ano, 80 casos de estupro e seis tentativas foram
registrados no estado. São quase dois estupros a cada dois dias em Roraima.
Os números podem ser ainda maiores, visto que as
ocorrências recentes não estão incluídas nas estatísticas. O setor ainda não
possui os números de casos registrados nos últimos quatro meses deste ano.
Um dos casos mais recentes, e que chocou a população,
foi o da adolescente
Natalice Farias Alves, de 14 anos. Ela foi encontrada morta no domingo (20), no
bairro Senador Hélio Campos, com perfurações no pescoço e sinais de estupro.
Na
noite dessa terça-feira (22), outro caso foi registrado. Um homem foi detido suspeito de tentar estuprar sua enteada de dez anos,
em uma casa no bairro Cinturão Verde. A mãe da criança ainda teria sido
agredida ao questionar o suspeito sobre o ato.
Em 2012, chegaram ao conhecimento das autoridades 178
casos de estupro e 47 tentativas do tipo de crime. Ao todo, foram registrados
2.579 casos contra crianças e adolescentes durante o ano passado, sendo 265
contra a dignidade e liberdade sexual de menores de idade.
Para o conselheiro tutelar Elilson Souza, não cresceu o
número de ocorrências contra crianças e adolescentes, e sim a conscientização
da população em buscar os órgãos competentes para denunciar os casos.
"Aumentou a confiança da população nos órgãos de
segurança e de proteção do estado. A gente vem trabalhando muito nisso, para
dar garantia aos denunciantes de que sua identidade será mantida em sigilo.
Precisamos mostrar à população que terá segurança para denunciar",
destaca.
Com a reformulação do Código Penal, em 2009, os crimes
contra a dignidade sexual passaram a ser tratados de forma mais rigorosa, o que
também teve reflexo nas estatísticas. Qualquer tipo de contato sexual com crianças
e adolescentes, mesmo sem conjunção carnal, passou a ser considerado estupro.
"Antes disso, precisaria que a pessoa cometesse a
penetração. Atualmente, só a carícia em alguma genitália da criança ou
adolescente é considerado estupro de vulnerável. É importante que a população
tenha isso em mente e não se envolva com menores de idade. Eles são seres em
desenvolvimento, não estão com o corpo formado ainda", salienta Souza.
Sobre os abusadores, ele destaca que geralmente são
pessoas do convívio da criança ou adolescente. "Em cerca de 90% dos casos
a pessoa tem alguma afetividade ou envolvimento com a família da vítima, ou é
até um própio parente da criança. O difícil é identificar, pois o pedófilo
geralmente não tem perfil característico. Ele é uma pessoa que tem a confiança
da família", relata.
Por isso, o conselheiro tutelar orienta a família a
ficar alerta às mudanças que a criança vítima de algum abuso pode vir a
apresentar. Ela passa a se retrair, a não querer mais brincar e há uma queda no
rendimento escolar da vítima. "São sinais que a família tem que aprender a
detectar. Com o abuso sexual, geralmente vem a ameaça, o que retrai a
criança", comenta.
FONTE:
G1 RORAIMA
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