Em Ponta Grossa
foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de violência sexual
com crianças e adolescentes
Em
Ponta Grossa foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de
violência sexual com crianças e adolescentes, os dados somam os casos dos
conselhos leste e oeste. No ano passado o oeste atendeu 129 casos e o leste 95.
A
presidente do Conselho Tutelar Leste, Camila De Bortoli, comenta que 80% dos
casos são causados por pessoas próximas. “A maioria das crianças são abusados
por pessoas próximas, que muitas vezes vivem dentro do lar, pelo convívio e a
facilidade que os abusadores encontram”, explica Camila. Quando isso acontece,
a criança é afastada do agressor, e passa a ser a acompanhado pelo Serviço de
Enfrentamento à Violência ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes (Sentinela). Quando o agressor é próximo, as conselheiras contam
que os casos muitas vezes são identificados na escola. “Quando isso acontece, a
escola identifica e encaminha para o conselho”, comenta Camila. Carolina
Zelinski, também é conselheira e comenta que os casos que aconteceram no início
da semana, onde duas crianças foram abusadas, uma quando um homem abordou uma
menina de dez anos, quando ela voltava da escola na terça-feira. Na segunda,
outro caso foi registrado, onde um adolescente de 13 anos abusou de uma criança
de sete anos. “Isso que aconteceu no início da semana foram casos esporádicos,
porque geralmente não é isso que acontece”, comenta Carolina. Segunda Camila, a
maioria dos casos acontece com famílias mais humildes e a região que tem mais
casos registrados é na Nova Rússia e Boa Vista.
Camila
aponta uma dificuldade que ela percebe que as pessoas enfrentam quando se
deparam com casos assim na família é a falta de informação. “Muitas vezes as
pessoas não sabem quem elas devem procurar, não sabem a aonde ir, não conhecem
o disque 100 e tudo isso dificulta”, relata. Ela diz que faltam projetos e
ações voltadas para isso e para prevenção desses casos. “Isso existe no papel,
mas não é colocado em prática, isso não é falado na escola, que é um local
importante”, relata Camila. Outro fato apontado pelas conselheiras é o de não
existir um atendimento especializado para essas crianças. “A criança precisa
contar a história para a família, chega à polícia tem que repetir a mesma
história, no hospital também e depois para a psicóloga, então no mínimo, ela
irá repetir umas três vezes, e em todas elas terá seu direito violado”, relata
Carolina. Carolina recorda que em 2010, foi criado um Centro de Referência para
Pessoas Vítimas de Estupro e Agressão Sexual, mas segundo ela, não durou muito
tempo. “Foi uma medida boa, mas que não durou muito tempo, a ideia era que todo
atendimento fosse feito no mesmo lugar, mas já acabou, acho que não esperavam
que a demanda fosse tão grande”, explica Carolina.
Quando
os conselheiros identificam os casos, a criança é encaminhada para o hospital,
os menores de 12 anos vão para o Hospital da Criança e os adolescentes vão para
o Pronto Socorro. Camila aponta outra dificuldade em relação a isso. “Já
tivemos casos de médicos que se recusaram a fazer atendimento, justificando que
o deveria ser procurando um médico legista, mas aqui em Ponta Grossa, não temos
um que faça plantão, então temos que fazer um boletim de ocorrência de recusa
de atendimento”, comenta.
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