segunda-feira, 14 de outubro de 2013

MENINAS FAZEM FUNK CONTRA A PEDOFILIA; ‘TEM TIO OLHANDO POR TODO O LUGAR’


Lembra do Bonde das Maravilhas, que era a nova sensação? Um grupo de meninas resolveu se reunir e tiveram uma ideia bem parecida, mas nada dos versos com conotação sexual. Kerolin, Derbinha, Natália, Cristiane, Vitória e Lurdinha fizeram uma música contra as olhadas indiscretas dos homens mais velhos.

Na descrição do clipe de "Tem tio olhando por todo o lugar", as Meninas PP (Pureza Pura), como o grupo de denimona, explicam “que querem ser olhadas como MENINAS e não como OBJETOS!”.

Assim como na música do Bonde das Maravilhas, as elas se apresentam (com bem mais roupa que no caso do grupo de funk de Niterói). Cada uma diz que os pais explicaram que elas ainda não têm idade para namorar, então... Kerolin, de 12 anos, só pode dançar. Derbinha, de 11 anos, só pode desenhar. Natália, de 13 anos, só pode estudar. Cristiane, de 12 anos, só pratica esportes. Vitória, de 12 anos, só pode brincar. Já Lurdinha, de 12 anos, não pode ficar por aí porque ela é para casar.

Depois de reclamarem das cantadas e das olhadas, as meninas ficam mais incisivas. Se o tiozão continuar olhando elas vão contar para as mães: “Se tu mexer/Atrás das grades vai ficar”.

FONTE: JORNAL EXTRA

http://extra.globo.com/tv-e-lazer/musica/meninas-fazem-funk-contra-pedofilia-ouca-tem-tio-olhando-por-todo-lugar-10357872.html

domingo, 13 de outubro de 2013

PESQUISA MOSTRA QUE ESMOLA FINANCIA O USO DE DROGAS DAS CRIANÇAS DE RUA

Em um grande mutirão nacional, 565 crianças foram ouvidas em 10 capitais, no mais profundo retrato sobre meninos de rua já feito no país.

Quantas são? Quem são? Por que elas abandonaram a casa, a família? Você também já se fez essas perguntas diante de uma criança de rua. O assunto é comovente, importante e tema da reportagem especial de Marcelo Canellas.
Acho que viver na rua é você sentir na pele que você não tem mais nada, que você tá no fundo do poço.
Não há uma única grande cidade brasileira que não conviva com essa vergonha.
Saem das suas comunidades e vêm refugiar-se nesse grande campo de refugiados aqui que é o centro de São Paulo.
“Por isso que a gente considera que eles são refugiados urbanos”, explica Lucas Carvalho, psicólogo do projeto Quixote.
Crianças ainda, ou mal saídos da infância, e já sem esperança alguma.
Fantástico: Que que cê acha que vai tá fazendo com 18 anos?
Jovem: Com 18 ainda é de menor ou maior?
Fantástico: Se fizer 18 já é maior. Até 18 é menor.
Jovem: Vai pro presídio.
Fantástico: presídio? Você acha que vai pra lá?
Jovem: Vai, tio. Ó, ou vai para o presídio ou morre!
Por que eles estão na rua?
Fantástico: Você tá com 14 anos, né? Com quantos anos você saiu a primeira vez de casa?
Jovem: Com nove, dez, por aí.
Fantástico: Você lembra como é que foi esse dia?
Jovem: Eu fugi.
Quantos são? Quem são? O que querem?
Fantástico: Você não quer ficar na rua, quer?
Jovem: Não! Quero parar, quero mudar minha vida.
A ONU já falou em cinco milhões. O IBGE nunca contou. O fato é o que o número de meninos e meninas de rua ainda é um grande mistério.
“Nós não sabemos quantas crianças, quem são elas, onde estão”, afirma Manoel Torquato, coordernador da campanha ‘Criança não é de rua’.
Em 2011, o governo pagou R$ 1,5 milhão para um instituto de pesquisa contá-los.
Mas no Maranhão, por exemplo, só acharam 23 meninos. E o número apurado no Brasil inteiro, 23.973, caiu em descrédito.
Fantástico: Não adianta um pesquisador chegar com uma prancheta na mão e fazer perguntas convencionais pra uma criança de rua?
“Não adianta. Os educadores sociais, os técnicos, as equipes que acompanham esses garotos e essas garotas, esses sim conseguem se aproximar”, responde Manoel.
O projeto ‘Criança não é de rua’ preferiu uma pesquisa qualitativa, por amostragem, feita justamente por educadores. Num grande mutirão nacional, 565 crianças foram ouvidas em 10 capitais, no mais profundo retrato sobre meninos de rua já feito no país.
A plataforma digital rua Brasil sem número, validada pela Universidade Federal do Ceará, descobriu que 87 % das crianças e adolescentes de rua são negros ou pardos. E 77% são do sexo masculino.
Quem está na rua, deixa de ir à escola. 11% são analfabetos e 47% não completaram o quinto ano do Ensino Fundamental.
Fantástico: Você sabe ler?
Criança: Não.
Fantástico: Sabe escrever?
Criança: Não.
Fantástico: Você tem documento?
Criança: Não. Vou tirar ainda.
Qual o motivo de ir para a rua?
Seis por cento dizem que é a violência doméstica. 9,8% fogem da miséria. 23% relatam conflitos na família. E 37% são atraídos pelas drogas. As drogas também são o principal motivo da permanência nas ruas para 54% dos meninos. Depois vem os conflitos na família: 18%.
Criança: Uso só quando eu tenho dinheiro. Quando eu não tenho eu não uso não.
Fantástico: E você consegue o dinheiro aonde?
Criança: Ah, eu peço aos outros.
A pesquisa confirma: 53% dos meninos conseguem dinheiro pedindo esmolas. 11%, vendendo mercadorias no sinal.
O que significa que a esmola financia o uso de drogas, pois 63% dos meninos gastam o dinheiro em bocas de fumo. E só 22% comprando comida. Mas a grande surpresa da pesquisa rompe um preconceito.
“A população em geral acredita que esses meninos ou são órfãos, ou foram abandonados pelos pais, ou têm situações graves de violência praticada no contexto familiar. Na verdade são conflitos apenas. Existe uma família ali”, afirma Manoel.
Só 8% são órfãos. 92% têm família. E 77% consideram a mãe a pessoa que mais amam.
Depois vem a avó, com 10% e o pai, com 7%.
Esse dado objetivo mostra claramente a importância da família. Ao contrário do que se pensava, nem todo menino sem casa é um menino sem lar. Existe alguém esperando por ele, existe alguém procurando por ele. Existem laços de afeto que nem a violência, nem a miséria e nem o desinteresse dos políticos conseguem romper.
“Quando eu acordo com o coração muito aflito, que é quando eu levanto e não falo pra ninguém aonde eu vou. Eu saio em busca dele”, conta a mãe de um jovem.
Dez, doze horas por dia, zanzando por São Paulo.
Fantástico: Onde que você procura?
Mãe: Na cracolândia, no meio dos viciados.
Fantástico: Você encontra ele ali?
Mãe: Às vezes, sim.
Mas nem todos os argumentos do mundo evitam mais uma viagem perdida.
“Ele já escapou pelos meus dedos que não dá para segurar mais. Ele já conheceu esse mundo de louco aqui fora”, conta a mãe de um menor de São Paulo.
Mesmo assim, ela voltará amanhã para alimentar a mesma esperança de sempre.
“Que ele desperte, acorde, abra os olhos e fale assim: ‘não, hoje eu vou embora para a minha casa de vez’”, completa.
“Às vezes eu piro, sabe? Às vezes eu fico falando sozinha. Por quê? Eu me pergunto: no que eu errei? O que eu tenho de fazer? Entendeu? Eu fico perdida”, diz a mãe de um jovem do Rio de Janeiro.
Outra mãe já perdeu a conta das noites em claro.
“Ela é menina. Eu não consigo dormir, eu não consigo comer, pensando onde está a minha filha”, lamenta.
Os educadores da Associação Amar estão tentando ajudá-la.
Eles trabalham junto aos meninos que dormem na rua, e tentam convencê-los a voltar para casa.
Mas são muitos os casos em que crianças pequenas são informalmente adotadas por moradores de rua adultos.
“São laços muito tênues, que se rompem muito fácil. Basta acontecer um problema maior”, explica Roberto José dos Santos, coordenador da Associação Amar.
Por isso o esforço de recompor as famílias de fato, que ainda preservam laços de afeto, como o da adolescente que está sendo procurada pela mãe.
Há cinco anos vivendo na rua, a garota de 14 anos diz que não usa mais drogas.
Menina: Eu não tenho vício de nada, eu tenho vício de rua.
Fantástico: Vício de rua? O que é vício de rua?
Menina: É querer, você querer ficar na rua, viver na rua.
Ela acha que vício de rua se perde com a maior paixão:
Fantástico: Se eu fosse jogar basquete, aí eu ia me distrair.
Menina: Ah, esporte?
Fantástico: É. Me distrair com alguma coisa. Porque se eu ficar em casa só, vou pensar nas pessoas da rua, na rua.
O sonho dela é jogar com o ídolo Michael Jordan, o Pelé do basquete americano.
Menina: Pra mim, parece que ele é feliz.
Fantástico: Parece que ele é feliz, né? E você é?
Menina: Não.
Fantástico: Não? Por quê?
Menina: Porque a rua não traz felicidade.
A mãe, artesã que dá duro, mas ganha muito pouco, mora numa comunidade que não tem nem água potável, que dirá quadra de basquete.
“Eles precisam colocar coisas na cabeça desses jovens, entendeu? Um esporte, alguma coisa concreta, entendeu? Alguma coisa concreta”, diz a mãe de uma jovem do Rio.
Há carinho e reconhecimento de parte a parte. E cada uma sabe de seus erros e fraquezas.
“Eu que fui desobediente. Não foi minha mãe. Minha mãe falou pra mim, minha mãe fala. Eu que vou e fujo dela”, confessa uma menor.
“Tudo o que eu preciso é que ela segure mais na minha mão, sabe? Fica comigo. Às vezes eu falo com ela como eu estou chorando agora: ‘fica comigo. Que aqui você está protegida. Aqui eu posso te agarrar e falar: não, aqui ninguém vai tocar em você’”, conta outra mãe.
Talvez a saída esteja nelas mesmo.
Aí está, para os coordenadores da pesquisa ‘Criança não é de rua’, um caso em que um empurrãozinho do Estado teria recomposto a família com facilidade.
“Dado uma atenção maior às famílias, esse motivo de ida para a rua vai diminuir drasticamente. E essa atenção à família não é foco das políticas públicas praticadas hoje”, analisa Manoel Torquato.
As iniciativas de estado têm se restringido ao recolhimento forçado e o envio das crianças de rua
para abrigos mantidos pelas prefeituras.
“Nós não queremos ninguém dormindo nas ruas do Rio de Janeiro. Nós achamos que a rua não é lugar para ninguém dormir, seja criança ou adulto. E a gente quer que as pessoas recebam do poder público uma oferta de solução para esse problema, digna, e que respeite o seu direito”, diz Adilson Pires, Secretário de desenvolvimento social do município do Rio de Janeiro .
O Projeto Quixote, de São Paulo, prefere apostar no convencimento como estratégia de recomposição das famílias. Foi assim que conseguiu algumas vitórias.
“Ele não pensa mais em droga, ele não pensa mais em fugir”, diz a mãe de um jovem.
O garoto fez questão que a mãe conversasse conosco. Ficou ao lado dela durante a entrevista, foi carinhoso o tempo todo, mas ainda mantém a temporada na rua na sombra do silêncio.
Fantástico: Por que você resolveu sair?
Jovem: Não quero falar.
Fantástico: Não quer? Tá bom. Não quer, não precisa falar.
Também não é pra menos.
“Era 24 horas na Luz, procurando ele. Uma vez um usuário ia me furando, do cabo de um cachimbo, porque eu achei ele no meio do usuário”, desabafa a mãe do jovem.
Foram quatro anos de insistência.
“Teve um dia que o pai dele, no Natal do ano passado, o pai dele passou o ano novo na rua, procurando ele, na Luz. Muito Natal e Ano Novo. Ele nunca passava com a gente”, lembra a mãe.
Ficou três meses em uma clínica de desintoxicação. E já está há seis meses sem fugir de casa.
“Sempre eu pedia, né? Meu Deus, para guardar meu filho. E ele me deu ele de volta, agora, são e salvo”, comemora a mãe.
Talvez a solução esteja nas próprias crianças. E em não aceitar mais como normal que elas não vivam a plenitude da infância.
“Não é porque estamos lidando com vidas secas que sejam vidas ocas. As crianças têm, sim, muita potência. Chega do que tá acontecendo, não é mais possível continuar acontecendo o que está”, diz o Lucas Carvalho, do Projeto Quixote.
FONTE: FANTÁSTICO REDE GLOBO


'VERSÃO DOS ACONTECIMENTOS NO CASO MADELEINE MUDOU', DIZ POLÍCIA BRITÂNICA

Britânica de 3 anos de idade desapareceu durante férias com a família na Praia da Luz, no Algarve, em 2007


O cronograma e a "versão aceita dos acontecimentos" em torno do desaparecimento de Madeleine McCann mudaram significativamente, disse a polícia britânica neste domingo (13).

A Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, afirmou que a reabertura do caso - cujos detalhes serão exibidos pelo programa Crimewatch, da BBC, esta segunda-feira - revelará os detalhes da "reconstituição mais detalhada" até agora.
O programa também mostrará simulações computadorizadas das imagens de um grupo de homens que a polícia deseja encontrar - iniciativa que vem sendo considerada pela Scotland Yard o mais "complexo e detalhado" avanço no caso.
A britânica Madeleine desapareceu durante férias com a família na Praia da Luz, no Algarve (sul de Portugal), em 2007. Ela tinha, então, 3 anos de idade.
Autoridades portuguesas encerraram sua investigação sobre o caso em 2008, mas a Scotland Yard iniciou uma revisão em maio 2011.
Como parte desse esforço para solucionar o caso, a reconstituição da polícia tem quase 25 minutos de duração e mostra os eventos que precederam e rodearam o desaparecimento de Madeleine.
'Entre 20h30 e 22h'

O detetive Andy Redwood, que chefia a investigação, disse: "Ao sermos autorizados a trabalhar com o programa Crimewatch para fazer a reconstrução mais detalhada até agora, pudemos destacar pontos muito específicos da investigação."

Ele detalhou: "A análise cuidadosa e crítica do cronograma de eventos tem sido absolutamente fundamental. Primeiramente, estamos focados no período entre 20h30 e 22h."
"Nós sabemos que às 20h30 foi quando os McCann desceram para a área de tapas, para jantar, e também sabemos que às 22h Madeleine foi dada como desaparecida pelos pais."
Ao saírem para jantar, os pais da menina a deixaram dormindo no apartamento em que estavam passando férias. A expectativa da Scotland Yard é que, ao exibir a nova reconstituição ao grande público, seja possível obter novas informações que a ajudem a desvendar o caso.
Em Londres, Kate e Gerry McCann, pais de Madeleine, posam com imagem feita por computador que mostra com a menina estaria hoje (arquivo)
Um pequeno clipe da reconstituição, lançado pela polícia, mostra uma atriz que interpreta Madeleine brincando perto de uma quadra de tênis, com dois adultos, aparentemente seus pais, jogando ao fundo.
Durante a busca por sua filha, a família McCann divulgou uma fotografia de Madeleine, supostamente a última tirada da menina, na qual ela segura várias bolas de tênis.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MPE LANÇA CAMPANHA 'COM CRIANÇA NÃO SE BRINCA' CONTRA ABUSO SEXUAL

Ministério Público Estadual alerta para crescimento dos casos em Alagoas; denúncias devem ser feitas pelo Disque 100


Ela deveria crescer num lar feliz, sendo amada e recebendo o carinho dos pais. Mas não foi essa realidade de uma menina de apenas quatro anos de idade que, ainda aos três, começou a ser abusada sexualmente pelo seu genitor. Obrigada a fazer sexo oral nele quase todos os dias, por mais de um ano, a garota, para não ficar sentindo o gosto do sêmen, era compelida a tomar sorvete, logo após o ato. “A sua boca vai ficar dormente e você não sentirá mais nada”, era o que ele dizia à filha. Durante a primeira audiência de instrução criminal, a criança, visivelmente traumatizada com a exploração da qual foi vítima, disse à promotora de Justiça e ao juiz: “Eu não quero me lembrar do que ele fazia comigo, por favor, tirem-me de perto dele”. O caso choca, revela a existência de um quadro comum em Alagoas e, o mais grave, os números só crescem.

O exemplo acima foi apenas um dos mais de 100 inquéritos policiais que chegaram à 59ª Promotoria de Justiça da capital somente entre os meses de abril e agosto deste ano. “Os casos são assustadores e nos levam a refletir sobre a capacidade do ser humano em fazer o mal. Só uma mente má ou doentia é capaz de tamanhas barbaridades. E, foi justamente por causa dessa grande quantidade de casos que vitimizam crianças e adolescentes que o Ministério Público Estadual de Alagoas resolveu criar uma campanha de combate ao abuso sexual infantojuventil. É preciso que todos nós fiquemos atentos ao comportamento dessas vítimas e denunciemos os agressores”, declarou a promotora de Justiça Dalva Tenório, coordenadora da campanha.

O projeto ganhou um nome: “Com criança não se brinca”. “O nome escolhido para a campanha tem tudo a ver com a mensagem que queremos transmitir. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é claro em seu artigo 3°, ao dizer que criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e que lhes devem ser assegurados, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, com o objetivo de proporcionar a eles os desenvolvimentos físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Então, essas pessoas não podem estar, de forma alguma, desprotegidas, especialmente, em seu próprio lar. A residência tem que ser um ambiente de amor e de paz. Lá, elas têm que ter confiança naqueles que tem, por obrigação, o dever de protegê-las. Entretanto, infelizmente, a maioria dos agressores encontra-se na família, são pais, padrastos e avôs. Amigos da família e até vizinhos também cometem o mesmo crime. E como os casos estão sendo crescentes, precisávamos chamar a atenção da sociedade para o tema”, explicou o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá.

O comportamento da vítima

Dalva Tenório, que, todas as semanas, tem apresentado denúncias contra criminosos que cometem esse tipo de ilícito penal, chama a atenção para a importância de se observar o comportamento das crianças e adolescentes que são abusados sexualmente, mas não costumam revelar as agressões sofridas. “Eles podem passar a ter interesse excessivo ou evitar qualquer assunto de natureza sexual; apresentam problemas com o sono e podem ter pesadelos; entram em depressão ou se isolam em relação a amigos e à família; recusam-se a ir à escola, tornam-se rebeldes ou delinquentes; agem com agressividade fora do normal; apresentam comportamento suicida; demonstram terror e medo com relação a aproximação de algumas pessoas ou lugares; dizem respostas ilógicas quando perguntados sobre feridas encontradas em seus órgãos genitais e apresentam mudanças súbitas de conduta”, detalhou a promotora.

“Por isso é tão importante que pais, parentes, vizinhos, amigos, professores, profissionais da área de saúde, conselheiros tutelares e autoridades policiais prestem atenção ao comportamento das crianças e adolescentes com quem eles convivem ou recebem para algum tipo de atendimento. Na escola, por exemplo, se um aluno apresenta alguma dessas condutas, é essencial que o professor intervenha e adote as medidas necessárias, acionando os responsáveis, o Conselho Tutelar mais próximo ou, até mesmo, a polícia. Medida semelhante deverá ser adotada por enfermeiros ou médicos que tratem pacientes infantis com ferimentos nas genitálias. E é fundamental que destaquemos que, hoje em dia, não há diferença entre gêneros para a prática do crime. Meninos e meninas são abusados de igual maneira”, alertou ela.

E a promotora também lembrou que a mesma atenção deve ser destinada à relação das crianças e dos adolescentes com o uso de computadores. “O crime ocorre com muita frequência pela internet. Pais e responsáveis precisam acompanhar o que os filhos fazem através dessas máquinas. Além do que, nenhum tipo de equipamento pode substituir a atenção e o amor que devem ser dados dentro de casa”, lembrou.

A campanha

O combate ao abuso sexual infantojuvenil é o principal objetivo da campanha que está sendo lançada, neste sábado (19), pelo Ministério Público Estadual de Alagoas, em parceria com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi/AL), durante a 11ª edição do Projeto Trabalhador no Teatro que tem como lema - As mãos que constroem agora vão aplaudir. O evento, realizado pela Ademi/AL, reunirá mais de mil trabalhadores da construção civil, um dos públicos-alvo da campanha, no Teatro Gustavo Leite e terá a presença da promotora de Justiça Dalva Tenório, que idealizou a campanha “Com Criança Não se Brinca”.

No início de outubro, o projeto ganhou a importante parceria da Associação, que, assim que recebeu o convite para aderir à causa, manifestou apoio imediato. Foi a Ademi/AL que arcou com os custos para a produção das peças publicitárias. O convênio para formalizar a aliança entre o órgão ministerial e a entidade será assinado, oficialmente, no próximo dia 18, durante a solenidade do Prêmio Master Imobiliário, também no Centro de Convenções de Maceió. A campanha está sendo veiculada neste mês de outubro, não, por acaso, o mês das crianças.

Para o presidente da entidade, Guilherme Mélro, a Ademi/AL decidiu pela participação direta na campanha porque a causa é nobre. "A responsabilidade social é um dos maiores focos da nossa associação. Já fizemos diversas ações em nossos canteiros de obras, assim como também tivemos a oportunidade de ajudar a algumas instituições que trabalham com adolescentes especiais e em situação de risco. Então, não teria como não nos envolvermos com uma atividade que vai tentar dar mais proteção à infância e à adolescência. Também estamos felizes em participar desse projeto", afirmou ele.

O procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, também comemorou a parceria. "Estamos estabelecendo uma união relevante, sem dúvida alguma. Precisamos unir forças para proteger as crianças e os adolescentes do nosso Estado. Será uma alegria ter a Ademi/AL como nossa aliada", disse.

A campanha é constituída de peças para televisão, rádio, banners, cartazes e panfletos. "Faremos atividades em algumas escolas, em bairros mais vulneráveis e em obras espalhadas pela cidade. Nossa intenção é atingir, especialmente, as classes menos favorecidas, onde, infelizmente, a desestruturação das famílias e a falta de educação levam parentes e vizinhos a abusarem de filhos, enteados, amigos. Nosso maior objetivo é minimizar o alto índice de casos envolvendo essas vítimas, que, na maioria das vezes, têm entre 5 e 12 anos", disse a promotora Dalva Tenório.

O crime

São diversas as legislações que tipificam como crime o abuso sexual contra crianças e adolescentes. A prática delitiva encontra respaldo na Constituição Federal, no Código Penal, no Código de Processo Penal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Lei nº 8072/1990 - Lei dos Crimes Hediondos - e na Lei nº 11.829/2008 – que alterou o ECA.

O Código Penal, em artigo 217-A, especifica: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos implica em pena de reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. Mas, o tempo do acusado permanecer atrás das grades pode ser bem maior, a depender dos agravantes. Por exemplo, se o ilícito tiver como vítima alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, a sanção sobe para até 20 anos de prisão, mesmo tempo previsto para o caso da pessoa agredida sofrer algum tipo de lesão corporal de natureza grave.

Já se a conduta resultar em morte, a pena passa a ser de reclusão entre 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

“Infelizmente os casos relativos a essa prática criminosa só aumentam e por esse motivo é tão importante que nos irmanemos nessa luta. O Ministério Público já está sendo célere no oferecimento de denúncias contra os agressores, a Justiça tem que ser mais rápida na condenação e, o Estado, precisa desenvolver políticas públicas que ocupem os pais e possam proteger as vitimas. Esse é o único caminho para acabarmos com essa barbárie”, declarou Sérgio Jucá.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PESQUISA: ABUSO SEXUAL É O 2º MAIOR TIPO DE VIOLÊNCIA SOFRIDA POR CRIANÇAS


O abuso sexual é o segundo tipo de violência mais característica em crianças de até 9 anos, de acordo com pesquisa divulgada em 22/09/2013, pelo Ministério da Saúde. O levantamento indica que esse tipo de agressão fica atrás apenas das notificações de negligência e abandono.
Segundo dados, a maior parte das agressões ocorreu na residência da criança ou em local próximo.

Em 2011, foram registrados 14.625 casos de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra menores de 10 anos – 35% do total, enquanto a negligência e o abandono responderam por 36% dos registros.
Os dados revelam ainda que a violência sexual também ocupa o segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com 5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%).

Os números apontam também que 22% do total de casos (3.253) envolveram menores de 1 ano e 77% foram registrados na faixa etária de 1 a 9 anos.

A maior parte das agressões ocorreu na residência da criança (64,5%). Em relação ao meio utilizado para agressão, a força corporal/espancamento foi o mais apontado (22,2%), atingindo mais meninos (23%) do que meninas (21,6%). Em 45,6% dos casos, o provável autor da violência era do sexo masculino. A maior parte dos agressores é alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente: o pai, algum parente ou ainda amigos e vizinhos.

De acordo com o ministério, o sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) possibilita conhecer a frequência e a gravidade das agressões e identificar casos de violência doméstica, sexual e outras formas (psicológica e negligência/abandono). Esse tipo de notificação se tornou obrigatória em todos os estabelecimentos de saúde do país no ano passado.
Os dados são coletados por meio da Ficha de Notificação/Investigação Individual de Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências, que é registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Qualquer caso, suspeito ou confirmado, deve ser notificado pelos profissionais de saúde.


CONSELHO REGISTROU 147 CASOS DE ABUSOS SEXUAIS


Em Ponta Grossa foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de violência sexual com crianças e adolescentes
Em Ponta Grossa foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de violência sexual com crianças e adolescentes, os dados somam os casos dos conselhos leste e oeste. No ano passado o oeste atendeu 129 casos e o leste 95.
A presidente do Conselho Tutelar Leste, Camila De Bortoli, comenta que 80% dos casos são causados por pessoas próximas. “A maioria das crianças são abusados por pessoas próximas, que muitas vezes vivem dentro do lar, pelo convívio e a facilidade que os abusadores encontram”, explica Camila. Quando isso acontece, a criança é afastada do agressor, e passa a ser a acompanhado pelo Serviço de Enfrentamento à Violência ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (Sentinela). Quando o agressor é próximo, as conselheiras contam que os casos muitas vezes são identificados na escola. “Quando isso acontece, a escola identifica e encaminha para o conselho”, comenta Camila. Carolina Zelinski, também é conselheira e comenta que os casos que aconteceram no início da semana, onde duas crianças foram abusadas, uma quando um homem abordou uma menina de dez anos, quando ela voltava da escola na terça-feira. Na segunda, outro caso foi registrado, onde um adolescente de 13 anos abusou de uma criança de sete anos. “Isso que aconteceu no início da semana foram casos esporádicos, porque geralmente não é isso que acontece”, comenta Carolina. Segunda Camila, a maioria dos casos acontece com famílias mais humildes e a região que tem mais casos registrados é na Nova Rússia e Boa Vista.
Camila aponta uma dificuldade que ela percebe que as pessoas enfrentam quando se deparam com casos assim na família é a falta de informação. “Muitas vezes as pessoas não sabem quem elas devem procurar, não sabem a aonde ir, não conhecem o disque 100 e tudo isso dificulta”, relata. Ela diz que faltam projetos e ações voltadas para isso e para prevenção desses casos. “Isso existe no papel, mas não é colocado em prática, isso não é falado na escola, que é um local importante”, relata Camila. Outro fato apontado pelas conselheiras é o de não existir um atendimento especializado para essas crianças. “A criança precisa contar a história para a família, chega à polícia tem que repetir a mesma história, no hospital também e depois para a psicóloga, então no mínimo, ela irá repetir umas três vezes, e em todas elas terá seu direito violado”, relata Carolina. Carolina recorda que em 2010, foi criado um Centro de Referência para Pessoas Vítimas de Estupro e Agressão Sexual, mas segundo ela, não durou muito tempo. “Foi uma medida boa, mas que não durou muito tempo, a ideia era que todo atendimento fosse feito no mesmo lugar, mas já acabou, acho que não esperavam que a demanda fosse tão grande”, explica Carolina.
Quando os conselheiros identificam os casos, a criança é encaminhada para o hospital, os menores de 12 anos vão para o Hospital da Criança e os adolescentes vão para o Pronto Socorro. Camila aponta outra dificuldade em relação a isso. “Já tivemos casos de médicos que se recusaram a fazer atendimento, justificando que o deveria ser procurando um médico legista, mas aqui em Ponta Grossa, não temos um que faça plantão, então temos que fazer um boletim de ocorrência de recusa de atendimento”, comenta.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

NA ONU, ESPECIALISTAS DEBATEM MEIOS DE ACABAR COM ABUSO SEXUAL INFANTIL NA INTERNET


Especialistas jurídicos, de investigação e acadêmicos se reuniram na sede da ONU em Viena (Áustria) para encontrar formas de combater a exploração infantil online, que se tornou mais recorrente devido aos avanços tecnológicos.
“A exploração sexual de crianças não é um fenômeno novo, mas a era digital tem agravado o problema e deixado as crianças mais vulneráveis”, disse o diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, durante o evento, que ocorreu na semana passada.
Embora os avanços nas tecnologias de informação e comunicação (TICs) não tenham necessariamente dado origem a novas formas de abuso infantil, eles têm, em alguns casos, mudado a natureza e dimensão da exploração.
Através da Internet, criminosos podem ter acesso às crianças mais rapidamente e em maior quantidade, utilizando salas de chat, e-mail, jogos online e sites de redes sociais para encontrar suas vítimas. O ciberespaço também aumentou significativamente a capacidade de criminosos para acessar materiais de abuso sexual infantil.
“Antes da Internet, a coleção de um predador sexual infantil de 150 imagens era considerada enorme, hoje, uma coleção de 150 mil imagens é comum. Uma coleção de 1,5 milhão de imagens não é impossível”, disse um psicólogo forense que trabalha com predadores sexuais infantis, Joe Sullivan.
Os especialistas concordam que uma educação e conscientização melhorada são essenciais para proteger as crianças, enfatizando que os pais devem se esforçar para superar a “distância digital geracional” e ter um grande interesse na tecnologia que eles dão aos seus filhos, os educando sobre o seu uso seguro e sobre as potenciais ramificações do comportamento online sem cuidados.
Embora atualmente não exista uma legislação consistente entre os países em relação ao abuso infantil online, Fedotov disse que a UNODC está em uma posição única para ajudar os países a lidar com esta questão a nível global.
“Podemos incentivar a cooperação eficaz entre os países nas investigações e apoiar os esforços globais de conscientização para educar pais e crianças sobre o uso seguro das TIC’s. Mas todos devem fazer sua parte – incluindo o setor privado, que é a principal força motriz por trás dessa evolução tecnológica”, disse.