domingo, 2 de outubro de 2011

A DELICADA QUESTÃO DA PEDOFILIA


Especialista afirma: ter o distúrbio não significa se livrar da responsabilidade sobre abusos cometidos contra jovens que nem sempre revelam o que ocorre

Apesar dos fortes testemunhos dos filhos, de uma cunhada e da sobrinha, além da convicção da polícia, o advogado Sandro Fernandes, 45 anos, ainda encontra defensores e pessoas que acreditam numa armação na denúncia de pedofilia.
É mesmo difícil compreender que um advogado bem sucedido e com história de militância política e social em Bauru de repente vire réu num processo escandaloso como esse, que envolve suposto abuso sexual dos próprios filhos e outras pessoas da família.    
É doença? Sandro não tinha controle sobre os próprios atos? Ou é apenas um criminoso que não poupou sequer os filhos que, durante um tempo, sofreram calados?
Todas perguntas complexas, difíceis de serem respondidas. Mas é possível divulgar o que diz a ciência, os especialistas nesse tipo de assunto. É o caso do médico Jefferson Drezett, diretor do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington, em São Paulo.
Segundo ele, não existe um “tipo” único de autor ou uma motivação exclusiva para a prática de abuso sexual.
“Em se tratando de ocorrências contra crianças, a questão da pedofilia ganha notável importância, embora não seja regra para todos os casos”, diz.
De acordo com ele, o desejo inadequado de manter relações sexuais com crianças é entendido como doença pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A pedofilia faz parte do Código Internacional de Doenças.
“No entanto, isso não significa que o autor da violência sexual necessariamente não saiba o que está fazendo ou não possa escolher suas ações”, ressalta o médico.
Segundo Drezett, ter o distúrbio também não impede que ele reconheça a proibição social do incesto e as graves consequências para as vítimas.

O médico afirma ainda que ser pedófilo  não quer dizer que o responsável por abusos sexuais não deva ser responsabilidade por suas escolhas e pelo que elas causam às vítimas. 
Cristina Camargo
Agência BOM DIA





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