O Parlamento Europeu aprovou por maioria esmagadora uma
diretiva que harmoniza e agrava a legislação comunitária contra a pedofilia e a
pornografia infantil. O texto abrange os crimes de abuso sexual de crianças e a
divulgação via Internet de imagens pornográficas que incluam crianças, no
espaço europeu.
A diretiva autoriza igualmente os Estados-Membros a proibir
o acesso a imagens de pornografia infantil mesmo que os servidores estejam
situados no estrangeiro.
A directiva aprovada esta tarde no Parlamento Europeu prevê
sanções penais para cerca de 20 crimes, um número bastante elevado em relação
ao que é habitual na legislação europeia.
De forma genérica, nos países da União Europeia (UE) obrigar
uma criança a prostituir-se ou a cometer atos sexuais vai passar a ser punido
com pelo menos 10 anos de prisão.
Os produtores de imagens pornográficas infantis incorrem
numa pena mínima de três anos e aqueles que as descarreguem para os seus
computadores arriscam pelo menos um ano de cadeia.
Os países que queiram, podem prever penas mais pesadas.
Abuso de menores por tutelares especialmente punido
Mas, conforme exigido pelos eurodeputados, as sanções serão
agravadas quando o crime for cometido por um membro da família, por uma pessoa
que coabita com a criança ou que "abusou de uma posição manifesta de
tutela ou da sua autoridade" (como professores, educadores de infância,
etc).
As sanções serão também mais pesadas se o crime for cometido
contra uma criança numa situação particularmente vulnerável, nomeadamente
devido a deficiência mental ou física ou a um estado de incapacidade, como o
causado pela influência de drogas ou álcool.
A diretiva criminaliza igualmente a solicitação de crianças
"via net", abrangendo os pedidos de amizade a crianças na internet
com vista a abusar delas, tal como o turismo sexual infantil, seja o crime seja
cometido no território de um Estado-Membro ou por um cidadão europeu fora da
UE.
Quanto às imagens de pornografia infantil, cada
Estado-Membro fica ainda obrigado a remover o mais depressa possível da Rede as
páginas sediadas no seu território que contenham pornografia infantil.
Caso o servidor das páginas electrónicas que contenham ou
difundam pornografia infantil se encontre no estrangeiro, os Estados-Membros
deverão procurar junto das autoridades nacionais que as ditas imagens e páginas
electrónicas sejam apagadas.
Se tal se revelar impossível, ou se o processo de o
conseguir for demasiado longo, os Estados-Membros ficam legalmente autorizados
a bloquear o acesso às imagens, dentro das suas fronteiras.
Estudos revelam que entre 10% a 20% das crianças na Europa
sofrem alguma forma de abuso sexual.
Dois anos para harmonizar legislação
A directiva prevê ainda que uma pessoa condenada possa ser
"impedida, temporária ou permanentemente, de exercer actividades pelo
menos profissionais que impliquem contactos directos e regulares com
crianças". E autoriza eventuais empregadores a solicitar informação sobre
a existência de condenações por este tipo de crimes, desde que estejam a
recrutar pessoal para actividades profissionais ou voluntárias com crianças.
O projeto de lei já tinha sido aceite entre os governos dos
27 e a diretiva deverá ser formalmente aprovada pelo Conselho de Ministros da
UE antes do final deste ano. A partir
dessa data, os países têm 2 anos para harmonizar a sua legislação conforme a
diretiva hoje aprovada.
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