Em entrevista ao SRZD, o psicólogo e membro da secretaria executiva da rede "Não bata, Eduque", Carlos Zuma, falou sobre a importância da conscientização dos pais em relação a educação dada aos filhos através de castigos físicos. A rede atua como um movimento social que tem o objetivo de acabar com a agressão física e estimular uma relação familiar que garanta o direito das crianças à integridade física e psicológica.
Zuma destacou que crianças que sofrem algum tipo de agressão dentro de casa tendem a repetir o ato fora dela com outras pessoas. No entanto, ele ressaltou que não se pode generalizar os casos. "Se a educação da criança é baseada sem outro modelo é provável que ela repita o que vê em casa, mas ela pode ter, por exemplo, tios e avós amorosos que também servirão de modelo. Por isso, o comportamento dela depende de vários fatores", disse.
O pscicólogo falou também que a escola é importante no processo de aprendizagem e educação das crianças. Citando o caso que aconteceu na última terça-feira, quando um aluno foi suspenso porque agrediu uma professora que teria pedido para que ele desligasse o celular em sala de aula, Zuma afirmou que a criança tem que sofrer uma consequência quando age de forma errada, porque a educação é de responsabilidade de todos, inclusive da escola.
Sem falar sobre o caso específico desta escola de São Paulo, Zuma disse que prevalece nos dias de hoje uma cultura individualizante. "Muitas escolas não dão bom treinamento para os professores. Muitas vezes eles estão preocupados com um conteúdo e se esquecem da educação.Tem que haver uma participação coletiva dos colegas no caso, uma discussão em grupo sobre o assunto porque o coletivo tem força, e às vezes as crianças ouvem melhor outras crianças do que os próprios adultos".
Outros casos de agressões em escolas se repetem como o desta quarta-feira, quando um aluno de dez anos de uma escola do ABC paulista atirou contra uma professora dentro da sala de aula e depois atirou na própria cabeça, e morreu.
De acordo com o psicólogo, a rede tem um projeto de lei que tramita no Congresso que visa assegurar o direto da criança que sofre castigos físicos e humilhantes no ambiente familiar, escolar ou comunitário. Ele afirmou que um dos objetivos do projeto de lei é provocar um debate na sociedade em relação ao assunto, já que este é um problema cultural que persiste porque muitos pais não consideram a agressão física como violência, mas sim uma forma de educar as crianças. " Já ouvi muitos pais dizerem que batem nos filhos para que eles não se tornem marginais", disse.
Para Carlos Zuma, o essencial para que se chegue a uma solução deste problema é o diálogo e o debate. " A sociedade tem que discutir, não há uma solução pronta, não podemos culpabilizar um ou outro, pais ou escola, a responsabilidade é de todos, é um problema cultural e coletivo". Ele ressaltou que não pode haver um reducionismo do assunto porque isso tende a trazer soluções simples e rasas, o que não é o bastante para erradicar o problema.
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